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Polícia prende vários suspeitos de ataques no Quênia que deixaram 60 mortos

Entre os presos, figura o dono e o motorista de um dos veículos utilizados pelos agressores

Agência France-Presse
postado em 18/06/2014 13:04
Nairóbi - Vários suspeitos vinculados aos dois ataques que nos últimos dias deixaram mais de 60 mortos no Quênia foram presos, anunciou nesta quarta-feira (18/6) o chefe da polícia, David Kimaiyo. O crime ocorreu em Mpeketoni, localidade próxima do turístico litoral sudeste do país, no domingo (15/6). Entre os presos estão o dono e o motorista de um dos veículos utilizados pelos agressores.

Pelo menos 64 pessoas morreram em dois atentados no litoral do Quênia, reivindicados pelos rebeldes somalis shebab, apesar de o presidente do país atribuí-los a "redes políticas locais". Nesta quarta-feira, os islamitas shebab voltaram a afirmar que são os responsáveis pelos ataques e prometeram que continuarão com a guerra contra as autoridades quenianas. Desde domingo, os ataques deixaram 64 vítimas no sudeste do país, a 100 km da fronteira com a Somália, o que representa um desafio para o Quênia, cujas forças combatem ao lado da força da União Africana os rebeldes shebab.

O ataque mais recente reivindicado pelos shebab, ligados à Al-Qaeda, ocorreu na madrugada de terça-feira, quando homens armados mataram 15 pessoas em Poromoko, na região turística de Lamu, segundo fontes da segurança. "Durante a noite cometemos um novo ataque. Matamos 20 pessoas, principalmente policiais e guardas florestais quenianos. Os membros do comando entraram em vários locais em busca de soldados", declarou Abdulaziz Abu Musab, porta-voz militar dos shebab. "Os membros do comando cumpriram com seu dever e retornaram tranquilamente a sua base", completou, sem revelar se esta "base" fica no Quênia ou na vizinha Somália.



A polícia confirmou que vários homens armados, aparentemente do mesmo grupo que cometeu o massacre no domingo em Mpeketoni, assassinaram na segunda-feira à noite pelo menos 10 pessoas na localidade de Poromoko, na região de Lamu. E a Cruz Vermelha local indicou que 52 quenianos seguem desaparecidos após os ataques. A União Africana condenou, por sua vez, "o massacre realizado pelos shebab".

O ataque a Mpeketoni é o mais violento desde a ação de um comando shebab contra o shopping Westgate de Nairóbi, em setembro de 2013, que terminou com 67 mortos. Segundo testemunhas, os islamitas visaram unicamente homens cristãos, poupando mulheres, crianças e muçulmanos.

Os extremistas atacaram a delegacia de polícia local e depois abriram fogo nas ruas, antes de invadir hotéis e restaurantes, onde os clientes assistiam as partidas da Copa do Mundo do Brasil. "Tiraram as pessoas, fizeram com que se ajoelhassem e executaram uma a uma", relatou David Waweru, funcionário de um hotel. Além de reivindicar os ataques, o grupo ligado à Al-Qaeda afirmou que os turistas e estrangeiros residentes devem deixar o país.

O grupo explicou em um comunicado que o ataque foi uma vingança contra o governo do Quênia, que "oprime brutalmente os muçulmanos através da coação, intimidação e assassinatos ilegais de acadêmicos muçulmanos". O Quênia enviou suas tropas para combater os extremistas na Somália, em outubro de 2011, ao lado das forças da União Africana.

Os insurgentes também declararam o Quênia "zona de guerra" e alertaram os turistas e estrangeiros a não entrar no país, que tem sido um destino popular por suas praias e safáris, mas que viu o turismo diminuir drasticamente devido às tensões políticas, ao aumento da criminalidade e aos ataques atribuídos aos shebab.

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