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Negociações sobre programa nuclear do Irã terminam com nova data marcada

As divergências são importantes sobre o enriquecimento de urânio, que em um percentual elevado permite obter combustível para uma bomba nuclear

Agência France-Presse
postado em 20/06/2014 13:46
Viena - Os negociadores iranianos e os dos países do grupo 5%2b1, ainda distantes de um acordo sobre o programa nuclear de Teerã, escolheram nesta sexta-feira avançar com as discussões na esperança de chegar a um acordo até a data limite de 20 de julho.


A quinta rodada de negociações nucleares terminou nesta sexta-feira em Viena, mas será retomada no dia 2 de julho na capital austríaca, onde as partes se enfrentaram sobre importantes pontos de atrito.

O grupo 5%2b1 (Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) e a República Islâmica negociam desde o início do ano um acordo histórico, que deve garantir às grandes potências que Teerã não tenta produzir armamento atômico.

Em troca, oferecem a suspensão das sanções internacionais que privam o Irã, a cada semana, de bilhões de dólares em recursos do petróleo. Segundo diversas fontes, questões importantes bloqueiam as discussões.

As divergências são importantes sobre o enriquecimento de urânio, que em um percentual elevado permite obter combustível para uma bomba nuclear. Teerã, que sempre defendeu o caráter unicamente civil de seu programa nuclear, insiste em manter sua capacidade de enriquecimento.

Concretamente, as negociações devem se concentrar no número de centrífugas (as máquinas utilizadas para enriquecer urânio) que o Irã poderia conservar após um acordo. Os ocidentais desejam uma redução drástica de seu número.

A segunda divergência diz respeito ao ritmo da suspensão das sanções internacionais que privam o Irã, a cada semana, de bilhões de dólares em recursos do petróleo.

As grandes potências aceitariam, no caso de um acordo, suspender rapidamente as sanções econômicas e financeiras "unilaterais" impostas pela União Europeia e Estados Unidos. Posteriormente aconteceria um "desmantelamento progressivo" das sanções decretadas contra o Irã pela ONU.

O acordo provisório assinado em novembro de 2013, que permitiu lançar as negociações, prevê a suspensão das sanções em 4,2 bilhões de dólares.

Negociação todos os dias

As duas partes se reuniram pela quinta vez em muitos meses em Viena. Depois de definir um calendário para as discussões, comprometeram-se a elaborar um documento conjunto.

Na esperança de seguir em frente, ambas as partes adicionaram às suas agendas vários dias de conversações bilaterais em Genebra no início deste mês. E, de acordo com uma fonte dos Estados Unidos, os negociadores devem discutir "de uma forma ou de outra" todos os dias ou quase até 20 de julho, o prazo fixado pelas partes para chegar a um acordo.

Nem o Irã nem os 5%2b1 consideram publicamente estender as negociações por mais seis meses - uma possibilidade inscrita no acordo temporário. Tudo tem se desenvolvido como se as partes quisessem aproveitar o senso de urgência ligado ao prazo para um acordo. "Sabíamos desde o início que seria muito difícil", reconheceu na quinta-feira uma fonte do 5%2b1.

Estender as discussões também seria politicamente arriscado, tanto para os Estados Unidos, que irá eleger um novo Congresso em novembro, como para o presidente iraniano Hassan Rohani, exposto às suspeitas do regime conservador.

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