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Ucrânia quer ajuda de Merkel e UE para solucionar conflito no leste do país

Os ministros europeus pediram para que Moscou apoie o plano de paz e que não interfira em sua aplicação

Agência France-Presse
postado em 23/06/2014 11:22

Kiev -
A Ucrânia pediu nesta segunda-feira (23/6) à chanceler alemã Angela Merkel e a seus aliados ocidentais ajuda para acabar com a insurreição pró-russa no leste do país, onde os combates prosseguem, apesar do cessar-fogo unilateral que deveria abrir caminho para um plano de paz.

O governo da Rússia, acusado pelos ocidentais de querer destabilizar a Ucrânia país fornecendo armas à rebelião, destacou que considera necessário um cessar-fogo duradouro para o início de um diálogo entre as autoridades de Kiev e os rebeldes separatistas como parte do plano de paz do presidente ucraniano, Petro Poroshenko.

Em resposta a essas acusações, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, assegurou nesta segunda-feira que a Rússia, cujo apoio ao plano de paz está vinculado a uma série de condições, não tem ambições geopolíticas, poucos meses após a anexação da Crimeia à Rússia.

Em meio a uma série de reuniões diplomáticas, o plano de paz, rejeitado pelos rebeldes, foi apresentado aos ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) nesta segunda-feira em Luxemburgo pelo chanceler ucraniano, Pavlo Klimkine.

Os ministros europeus pediram para que Moscou apoie o plano de paz e que não interfira em sua aplicação. "A Rússia deve atuar, deve frear o fluxo de armas e os grupos armados ilegais", insistiu o ministro britânico William Hague após a reunião do bloco.



Em jogo está a unidade da Ucrânia, ex-república soviética, que deve assinar na sexta-feira a última parte de um acordo histórico de associação com a UE.

Desde abril, o leste do país está mergulhado em violentos combates entre o Exército e os rebeldes, que proclamaram a independência de duas regiões.

Envolvimento ;crucial; de Merkel


Mais de 48 horas após a entrada em vigor do cessar-fogo de uma semana ordenado às tropas ucranianas para permitir o desarmamento dos insurgentes e iniciar o diálogo com aqueles que "não cometeram nem assassinato nem tortura", o ministério ucraniano da Defesa registrou onze ataques durante a noite contra as forças armadas, incluindo tiros de morteiro contra guardas de fronteira.

"O envolvimento de Angela Merkel e outros dirigentes mundiais é crucial para uma solução do conflito no leste da Ucrânia", declarou nesta segunda-feira o presidente pró-Ocidente ucraniano, segundo o comunicado do governo de Kiev, após uma conversa telefônica com a chefe de Governo da Alemanha.

De acordo com o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, a chanceler pediu à Rússia "para exercer sua influência sobre os separatistas" para que eles respeitem o cessar-fogo. Ela pediu a Moscou que controle suas fronteiras com a Ucrânia para impedir a passagem de armas e combatentes.

Segunda-feira, os soldados ucranianos foram cercados pelos rebeldes após uma tentativa de retomada do posto fronteiriço de Izvarino, perto de Lugansk, uma situação que ilustra a disputa pelo controle da fronteira.

"Eles não têm nenhuma chance de escaparem: estão cercados, não têm água nem comida", afirmou à AFP um líder rebelde local, Alexandre, de 54 anos.

Sergue; Lavrov indicou nesta segunda que não havia "alternativa a um cessar-fogo imediato" e que este deveria ser aplicado concretamente. "Nós não somos guiados por nenhum tipo de ambição geopolítica, nosso objetivo prioritário é salvar vidas", garantiu.

Ameaças de novas sanções contra a Rússia

Antes da reunião em Luxemburgo, vários ministros das Relações Exteriores europeus ameaçaram a Rússia com novas sanções, caso não aceite o plano de paz. "O presidente Putin não deve duvidar de que a UE está disposta a tomar novas medidas" para punir a Rússia, advertiu o ministro britânico, William Hague.

Poroshenko, eleito em 25 de maio com o apoio de líderes ocidentais, também se reuniu no domingo com o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que afirmou que a situação no leste da Ucrânia é "uma das prioridades dos Estados Unidos".

Em um discurso à nação no domingo, Petro Poroshenko apresentou seu plano de paz para o leste separatista, afirmando que o "ambiente pacífico é o nosso palco principal. É o nosso plano A".

Mas advertiu que "aqueles que pretendem utilizar estas negociações de paz com o único objetivo de ganhar tempo e reunir suas forças devem saber que nós temos um plano B. Não irei detalhá-lo agora, porque eu acho que o nosso plano pacífico vencerá", acrescentou.

O plano de paz inclui a criação de uma zona tampão de 10 km ao longo da fronteira entre a Ucrânia e a Rússia e um corredor para os mercenários russos, que lhes permita voltar à Rússia após entregarem suas armas. Também se refere à descentralização do poder e à proteção da língua russa por meio de emendas à Constituição.

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