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Emissário de Obama chega a Bagdá para pressionar premiê a recompor governo

E avisa: os EUA podem atacar os extremistas sem esperar pelo acordo

postado em 24/06/2014 06:00
Combatentes curdos, aliados ao governo, protegem o centro petroleiro de Kirkuk do avanço rebelde no norte iraquiano: jihadistas cercam a capital pelo norte e pelo oeste

O secretário de Estado John Kerry visitou ontem Bagdá para levar ao primeiro-ministro Nouri Al-Maliki um recado claro e firme do presidente Barack Obama: os Estados Unidos estão firmes na disposição de apoiar de maneira ;intensa e concreta; o governo iraquiano contra os rebeldes sunitas que seguem avançando para a capital, mas cobram de Al-Maliki, que pertence à maioria religiosa muçulmana xiita, a recomposição do gabinete para incluir representantes das minorias sunita e curda. Atento às notícias sobre novos avanços do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EEIL), grupo originário da rede Al-Qaeda que está na vanguarda da rebelião, Kerry acenou inclusive com a possibilidade de ataques aéreos americanos antes mesmo do rearranjo político. ;É por isso que reitero: se o presidente julgar necessário (atacar os extremistas), não vai ficar amarrado;, observou o secretário.

;Eles representam uma ameaça e não podem ter porto seguro em lugar nenhum;, prosseguiu o enviado de Obama. No fim de semana, combatentes do EIIL aliados a líderes tribais sunitas e até militares leais ao ex-ditador Saddam Hussein chegaram a controlar todas as passagens na fronteira com Síria e Jordânia, a oeste do país ; as forças de Bagdá anunciaram ontem a retomada de ao menos um desses postos. Desde o início do mês, os jihadistas sunitas controlam cidades estratégicas no norte e oeste e forçam caminho rumo a Bagdá. Combatentes curdos, aliados ao governo, controlam uma passagem ao norte.



;Este é o momento para os líderes do Iraque tomarem decisões;, insistiu o visitante. ;A integridade do Iraque está ameaçada e as autoridades devem responder a essa ameaça. A dificuldade do premiê para liderar o país e debelar a rebelião levou Obama a afirmar que não cabe aos EUA interferir ;na escolha dos dirigentes; locais, embora transpareça uma pressão para que Al-Maliki abra espaço para um dirigente capaz de remontar o gabinete. Kerry reuniu-se também com o chanceler Hoshyar Zebari e com representantes da minoria sunita, mas Washington descarta, por ora, entendimentos com os extremistas. ;Não haverá um contato direto com o EIIL;, afirma Steven Simon, ex-diretor para Oriente Médio e Norte da África do Conselho de Segurança Nacional. ;As referências, do lado sunita, seriam os líderes dos grandes partidos. Eles existem e são influentes.;

O cientista político Barak Mendelsohn, do Haverford College, explica que uma conversa positiva com líderes sunitas desvinculados dos jihadistas pode ser o único caminho para conter o conflito sectário. ;O EIIL não acredita em negociação. Eles representam uma interpretação extrema do islã e, para eles, o xiismo precisa ser combatido. São tão extremos que são radicais demais para a Al-Qaeda;, ressalta. Conquistar a confiança das minorias, no entanto, pode ser um desafio para Al-Maliki, visto com desconfiança e acusado de preterir os sunitas. Mendelsohn destaca que será preciso fazer concessões, já que, ;sem o suporte dos sunitas, a batalha contra o EIIL será muito difícil de vencer;.

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