Mundo

Pelo menos 30 mortos e mais de 60 sequestradas em novo atentado na Nigéria

Os ataques aconteceram durante uma série de ataques cometidos na semana passada na área de Kummabza, na localidade de Damboa, estado de Borno

Agência France-Presse
postado em 24/06/2014 09:42
Pelo menos 30 pessoas morreram e mais de 60 mulheres e adolescentes foram sequestradas em uma série de ataques atribuídos ao grupo islamita armado Boko Haram no nordeste da Nigéria, dois meses após o sequestro de mais de 200 adolescentes que continuam desaparecidas.

As mortes e sequestros aconteceram durante uma série de ataques cometidos na semana passada na área de Kummabza, na localidade de Damboa, estado de Borno, anunciaram fontes do governo local e vários moradores.

O ministério da Defesa da Nigéria anunciou na segunda-feira no Twitter que tentava confirmar as várias informações sobre sequestros de jovens em Borno.

O Exército não pode ser contactado pela AFP nesta terça-feira, mas de acordo com uma fonte do governo de Damboa, que pediu anonimato, mais de 60 mulheres foram atacadas e levadas à força pelos terroristas.

"O líder do vilarejo de Kummabza nos disse que, entre elas, há crianças com entre 3 e 12 anos", acrescentou.

O líder de uma milícia local, Aji Khalil, confirmou que "mais de 60 mulheres foram sequestradas por terroristas do Boko Haram".

[SAIBAMAIS]Um morador refugiado em Maiduguri, capital do estado de Borno, que também pediu anonimato, afirmou que "mais de 30 homens morreram durante o ataque que durou quase quatro dias".

"Depois os criminosos tomaram toda a aldeia como refém durante três dias", disse. "O vilarejo foi destruído. Alguns sobreviventes sem meios para se deslocar, principalmente mulheres e homens idosos, marcharam até Lassa, no distrito de Asikara-Uba, a 25 km" de distância, enquanto que outros buscaram refúgio no estado vizinho de Adamawa, informou o líder de Damboa.

Ali Ndume, o senador do sul do estado de Borno, onde está localizada Damboa, confirmou à AFP que "houve sequestros em alguns vilarejos", mas disse não ter certeza "sobre o número de vítimas".

Jovens mulheres, mas também jovens homens, foram sequestrados pelos islamitas "que deixaram as pessoas idosas", no vilarejo de Kummabza, que é pouco habitando durante a estação das chuvas devido as inundações e falta de segurança, segundo o senador. A imprensa nigeriana também falou do sequestro de 30 meninos.

Possível retomada das negociações

O Boko Haram, cuja sangrenta insurgência deixou milhares de mortos na Nigéria desde 2009, começou a sequestrar meninas nesta região muito antes do rapto de mais de 200 estudantes do ensino médio da cidade de Chibok, também no estado de Borno, em abril que causou grande comoção no país e no exterior.

Um relatório da organização Human Rights Watch, que data do final de 2013, já fazia referência a sequestros e estupros de mulheres e meninas pelo grupo islâmico e o recrutamento forçado de crianças.

No início de junho, pelo menos vinte jovens mulheres foram sequestradas em uma comunidade fulani, no vilarejo de Garkin e seus arredores, a 8 km do Chibok.

De acordo com o especialista em segurança Ryan Cummings, da sociedade sul-africana Rede 24, o novo sequestro de 60 mulheres pode ser uma tática do Boko Haram para atrair de novo a atenção da comunidade internacional sobre a situação das meninas de Chibok e recolocar sobre a mesa uma potencial troca de militantes islâmicos detidos pelas 219 estudantes ainda cativas.

"Parece que há uma perda de interesse, tanto internacionalmente como no país sobre este assunto, e que os esforços do governo nigeriano para resolver o problema das reféns diminuiu", declarou à AFP.

"Nós aprendemos em 26 de maio que o governo nigeriano tinha recusado uma troca de reféns com a seita e que, portanto, as negociações estavam em um impasse", disse Cumings. "Este novo sequestro pode ser uma tentativa do Boko Haram para retomar e concluir as negociações", concluiu.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação