O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, considerou insuficiente nesta quinta-feira o apoio de Moscou ao seu plano de paz, um dia antes da expiração do frágil cessar-fogo decretado no dia 20 de junho no leste da Ucrânia.
De acordo com Poroshenko, "até o momento, lamentavelmente, o apoio (de Moscou ao plano de paz) não foi suficiente". "A guerra não declarada continua provocando estragos", afirmou, referindo-se aos "mercenários que atravessam a fronteira russa".
Os combates, que deixaram 400 mortos desde abril, prosseguiam nestes últimos dias no enclave industrial russófono de Donbass, apesar do cessar-fogo decretado por Poroshenko e aceito por um líder rebelde pró-russo.
Neste contexto, a Presidência russa manifestou seu pleno apoio a uma prorrogação do cessar-fogo, assim como a uma retomada de negociações entre as partes.
O presidente russo, Vladimir Putin, falou com a chefe do governo alemão, Angela Merkel, sobre a "necessidade de prorrogar a trégua, fixar reuniões de um grupo de contato e libertar as pessoas detidas", afirmou o Kremlin.
As potências ocidentais pediram nesta quinta-feira que a Rússia aja imediatamente para acalmar a situação no leste da Ucrânia.
O presidente americano, Barack Obama, ameaçou na noite de quarta a Rússia com novas sanções, caso esta não adote medidas rápidas para deter o envio de armas e de combatentes através da fronteira com a Ucrânia.
Em uma primeira conversa, Merkel e o presidente francês, François Hollande, convocaram na quarta-feira Poroshenko e Putin a trabalhar em conjunto para acabar com os combates, segundo Paris.
No leste da Ucrânia, um ataque dos rebeldes deixou dez paraquedistas ucranianos feridos na quarta-feira, de acordo com um porta-voz do exército.
Além disso, os meios de comunicação ucranianos informaram nesta quinta-feira sobre um ataque de homens armados contra um aeroporto da cidade de Kramatorsk, perto do reduto pró-russo de Slaviansk.
Apesar da morte de nove soldados ucranianos em um helicóptero derrubado pelos rebeldes na terça-feira, Poroshenko decidiu manter o cessar-fogo.
Para tentar apaziguar a situação, o presidente ucraniano apresentará ao Parlamento uma reforma de descentralização que conceda mais poderes às regiões, mas sem instaurar uma estrutura federal, como pedia a Rússia.
Já a UE planeja assinar um acordo comercial com Kiev para suprimir a maior parte das fronteiras aduaneiras.
A rejeição em assinar esse documento, previsto inicialmente em novembro passado, provocou o início de um movimento de protestos pró-europeus e a destituição do então presidente, o pró-russo Viktor Yanukovytch, assim como a atual crise no país.
A Rússia advertiu na quarta-feira que tomará medidas de proteção, se os acordos de associação entre a UE e Ucrânia, Moldávia e Geórgia, com assinatura prevista para sexta-feira, prejudicarem sua economia.
Em julho, a UE, Moscou e Kiev negociarão em nível ministerial as condições de aplicação desse acordo, embora as consultas entre especialistas comecem nesta semana, indicou nesta quinta-feira Alexei Meshkov, um diplomata russo.