Mundo

Presidente da Ucrânia lamenta pouco apoio de Moscou a plano de paz

A declaração foi dada durante uma discurso em Estrasburgo (nordeste da França) ante a assembleia parlamentar do Conselho da Europa

Agência France-Presse
postado em 26/06/2014 11:19


O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, considerou insuficiente nesta quinta-feira o apoio de Moscou ao seu plano de paz, um dia antes da expiração do frágil cessar-fogo decretado no dia 20 de junho no leste da Ucrânia.

De acordo com Poroshenko, "até o momento, lamentavelmente, o apoio (de Moscou ao plano de paz) não foi suficiente". "A guerra não declarada continua provocando estragos", afirmou, referindo-se aos "mercenários que atravessam a fronteira russa".

Os combates, que deixaram 400 mortos desde abril, prosseguiam nestes últimos dias no enclave industrial russófono de Donbass, apesar do cessar-fogo decretado por Poroshenko e aceito por um líder rebelde pró-russo.

Neste contexto, a Presidência russa manifestou seu pleno apoio a uma prorrogação do cessar-fogo, assim como a uma retomada de negociações entre as partes.

O presidente russo, Vladimir Putin, falou com a chefe do governo alemão, Angela Merkel, sobre a "necessidade de prorrogar a trégua, fixar reuniões de um grupo de contato e libertar as pessoas detidas", afirmou o Kremlin.

As potências ocidentais pediram nesta quinta-feira que a Rússia aja imediatamente para acalmar a situação no leste da Ucrânia.

"É crucial que a Rússia prove nas próximas horas que está agindo de verdade para ajudar a desarmar os separatistas, que os estimula a se desarmarem, a deporem as armas e a participarem de um processo legítimo", declarou em Paris o chefe da diplomacia americana, John Kerry, depois de se reunir com seu colega francês, Laurent Fabius.



O presidente americano, Barack Obama, ameaçou na noite de quarta a Rússia com novas sanções, caso esta não adote medidas rápidas para deter o envio de armas e de combatentes através da fronteira com a Ucrânia.

Em uma primeira conversa, Merkel e o presidente francês, François Hollande, convocaram na quarta-feira Poroshenko e Putin a trabalhar em conjunto para acabar com os combates, segundo Paris.

No leste da Ucrânia, um ataque dos rebeldes deixou dez paraquedistas ucranianos feridos na quarta-feira, de acordo com um porta-voz do exército.

Além disso, os meios de comunicação ucranianos informaram nesta quinta-feira sobre um ataque de homens armados contra um aeroporto da cidade de Kramatorsk, perto do reduto pró-russo de Slaviansk.

Apesar da morte de nove soldados ucranianos em um helicóptero derrubado pelos rebeldes na terça-feira, Poroshenko decidiu manter o cessar-fogo.

Para tentar apaziguar a situação, o presidente ucraniano apresentará ao Parlamento uma reforma de descentralização que conceda mais poderes às regiões, mas sem instaurar uma estrutura federal, como pedia a Rússia.

Já a UE planeja assinar um acordo comercial com Kiev para suprimir a maior parte das fronteiras aduaneiras.

A rejeição em assinar esse documento, previsto inicialmente em novembro passado, provocou o início de um movimento de protestos pró-europeus e a destituição do então presidente, o pró-russo Viktor Yanukovytch, assim como a atual crise no país.

A Rússia advertiu na quarta-feira que tomará medidas de proteção, se os acordos de associação entre a UE e Ucrânia, Moldávia e Geórgia, com assinatura prevista para sexta-feira, prejudicarem sua economia.

Em julho, a UE, Moscou e Kiev negociarão em nível ministerial as condições de aplicação desse acordo, embora as consultas entre especialistas comecem nesta semana, indicou nesta quinta-feira Alexei Meshkov, um diplomata russo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação