postado em 01/07/2014 06:00
A aviação de Israel bombardeou na madrugada de hoje dezenas de alvos ligados aos movimentos extremistas palestinos Hamas e Jihad Islâmica, na Faixa de Gaza, no que parecia marcar o início das represálias pela morte dos três jovens israelenses sequestrados em 12 de junho. Os corpos foram encontrados ontem na região de Halhul, perto de Hebron, a 10 minutos do local onde foram vistos pela última vez, no sul da Cisjordânia. Horas antes, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu voltara a culpar o Hamas pelo crime, anunciando que o grupo ;vai pagar; pela morte dos adolescentes. O Hamas nega qualquer envolvimento com o caso, e o porta-voz Abu Zuhri alertou que uma ofensiva contra os palestinos abriria ;os portões do inferno;.
O sumiço dos adolescentes teve profunda repercussão em Israel, onde milhares se organizaram em vigílias pelo retorno dos jovens. Em comunicado, Netanyahu disse que os rapazes ;foram sequestrados e mortos a sangue frio por animais na forma humana;. Eyal Yifrach, 19 anos, Naftali Frenkel e Gilad Shaer, ambos de 16, eram estudantes de um seminário rabínico e desapareceram quando tentavam pegar carona para casa. Investigações indicam que foram mortos pouco depois do sequestro. Citado pela agência de notícias France-Presse, o vice-ministro da Defesa, Danny Danon, disse que os israelenses ;não vão parar enquanto o Hamas não estiver completamente derrotado;.
O porta-voz do movimento islâmico, Sami Abu Zuhri, rejeitou as alegações e acusou Israel de ter ;fabricado o sequestro; para justificar uma ofensiva contra a AP, que teria como verdadeiro alvo o governo de união nacional formado pelo Hamas e pelo partido nacionalista Fatah. ;O desaparecimento e a morte de três israelenses se baseiam unicamente na narrativa israelense, e os ocupantes tentam usar essa história para justificar sua extensa guerra contra o nosso povo, contra a resistência e contra o Hamas;, disse Abu Zuhri à AFP.
O episódio afasta torna ainda mais difícil a retomada das negociações de paz e alivia a pressão internacional para que Israel volte à mesa. ;Ao longo das semanas em que os rapazes estiveram desaparecidos, houve apoio significativo a Israel por parte da comunidade internacional;, lembra Samuel Feldberg, especialista em Oriente Médio e membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (Gacint) da Universidade de São Paulo (USP). ;Acredito que os israelenses vão capitalizar esse apoio e, de certa forma, justificar uma posição mais dura frente aos palestinos;, explica Feldberg, acrescentando que a posição internacional não deve mudar no futuro próximo. Ontem, líderes de diversos países condenaram a morte dos adolescentes e expressaram o desejo de que os culpados sejam levados à Justiça.
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