Agência France-Presse
postado em 01/07/2014 10:15
Moscou - O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira (1;/7) que, de agora em diante, toda a responsabilidade pelas operações militares no leste da Ucrânia recai sobre o presidente Petro Poroshenko, que se negou a prolongar o cessar-fogo. "Até agora, Piotr Alexeevich (Poroshenko) não tinha vínculo direto com o início das operações militares. A partir de agora, assume completamente esta responsabilidade. Não só do ponto de vista militar, como também político", declarou Putin em seu discurso anual sobre política externa.Putin também pediu aos países ocidentais que construam uma cooperação com a Rússia "em pé de igualdade" e baseada no respeito mútuo. "O que aconteceu na Ucrânia é o resultado das tendências negativas em temas mundiais", declarou ainda Putin, enumerando as crise no Iraque, na Líbia e na Síria, e sugerindo que sejam criados mecanismos para impedir qualquer ingerência na Europa.
"Todos nós precisamos na Europa de uma rede de segurança para que os precedentes iraquiano, líbio, sírio e ucraniano não se tornem uma doença contagiosa", enfatizou. "Peço ao Ministério das Relações Exteriores que prepare propostas neste sentido", disse ainda. O presidente russo defendeu o direito da Rússia de preservar seus interesses, alegando que, caso contrário, as forças da Otan teriam se instalado rapidamente na Crimeia, a península ucraniana anexada por Moscou em março.
[SAIBAMAIS]"Definitivamente, tudo aquilo pelo que a Rússia lutava desde a época de Pedro, o Grande, e, inclusive, antes, teria sido apagado", destacou. "Espero que o pragmatismo se imponha, que os ocidentais abandonem suas ambições (...) e comecem a construir relações em pé de igualdade e baseadas no respeito mútuo", declarou.
Mais cedo, a Chancelaria russa havia afirmado que as autoridades ucranianas tinham que responder pelos crimes cometidos contra a população civil desse país depois que Kiev anunciou a retomada de sua ofensiva contra os separatistas. "Pedimos às autoridades ucranianas que não bombardeiem cidades e povoados, e voltem a um cessar-fogo real e não fictício para proteger a vida da população", indicou a chancelaria. "Kiev deverá responder pelos crimes cometidos contra a população civil", acrescentou.
O Ministério russo das Relações Exteriores estabeleceu, além disso, em seu comunicado uma lista de crimes que atribui ao Exército ucraniano e que teriam sido cometidos entre 2 de junho e 1; de julho. Na lista, estão bombardeios contra prédios civis por parte da artilharia e da aviação. A chancelaria também se refere à morte de três jornalistas russos no leste da Ucrânia nas últimas semanas, em episódios que Moscou descreveu como atos deliberados. Os combates entre as forças ucranianas e os rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia já deixaram mais de 450 mortos, entre civis e combatentes nos dois campos, desde o início da insurreição há três meses.