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Acusado de corrupção, ex-presidente francês Nicolas Sarkozy alega inocência

Nicolas Sarkozy denunciou com veemência a sua detenção por cerca de 15 horas para interrogatório antes de seu indiciamento, algo inédito para um ex-chefe de Estado francês


O ex-presidente de direita chamou de "grotescas" as acusações e questionou a imparcialidade de uma juíza responsável pelo caso, Claire Thépaut. Ele ressaltou que ela pertence ao Sindicato dos Magistrados (SM), um órgão de esquerda, segundo ele. Sarkozy acusou a magistrada de ter uma "obsessão política (...) de destruir a pessoa contra quem (ela) deve instruir".

O Sindicato dos Magistrados acusou imediatamente Nicolas Sarkozy de querer "desacreditar" os juízes. Questões sobre o financiamento da campanha de 2012. Seu indiciamento derrubou a esperança de seu partido, o UMP (oposição de direita), de vê-lo retornar à política.

Apesar de sua derrota para o socialista François Hollande em 2012, Nicolas Sarkozy, de 59 anos, estava convencido da possibilidade de voltar para ser o "salvador" da França, tendo em vista a eleição presidencial de 2017.

[SAIBAMAIS]À imprensa, nesta quarta-feira, ele indicou que vai dizer "no final de agosto, início de setembro" se retornará à política como candidato à direção de seu partido.

Duas outras pessoas foram acusadas junto com ex-presidente: seu amigo e advogado Thierry Herzog e um advogado-geral do Tribunal de Cassação, Gilbert Azibert.

Os juízes de instrução tentam estabelecer se Sarkozy tentou obter informações confidenciais por meio de Azibert sobre uma decisão da justiça relacionada ao ex-presidente, em troca da promessa conseguir para o informante um posto de prestígio em Mônaco.

A decisão de grampear os telefones de Sarkozy havia sido tomada em setembro do ano passado pelo juiz que investiga as acusações de financiamento ilegal de sua campanha eleitoral em 2007 pelo ex-ditador da Líbia Muammar Khadafi.

O presidente francês François Hollande lembrou nesta quarta-feira os princípios de "independência da justiça" e de "presunção de inocência", em referência ao indiciamento de seu antecessor. A suspeita de corrupção "é baseada apenas em escutas que nós contestamos e cuja legalidade será combatida", declarou o advogado de Thierry Herzog, Paul-Albert Iweins.

A promotoria de Paris também confiou a juízes financeiros uma investigação sobre o financiamento da campanha de 2012 de Nicolas Sarkozy. Questionado sobre o caso Bygmalion, empresa de eventos suspeita de emitir notas frias durante essa campanha, Sarkozy disse que nunca houve "qualquer sistema de dupla cobrança."