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Curdos votarão referendo de independência em pleno caos iraquiano

Primeiro-ministro atual insistiu que se apresentará à reeleição para um terceiro mandato, apesar da pressão interna e externa pra que deixe o cargo

Agência France-Presse
postado em 04/07/2014 14:29
Membro das forças curdas senta em um veículo militar durante uma implantação de segurança intensiva após confrontos com militantes do Estado Islâmico
Bagdá - Os preparativos dos curdos iraquianos para um referendo de independência se chocaram com a oposição de Washington, que insiste na unidade para enfrentar os jihadistas e sua ameaça de "um caos semelhante ao da Síria".

O presidente curdo, Masud Barzani, pediu aos parlamentares curdos que "preparem a organização de um referendo sobre o direito à autodeterminação" desta região do norte do Iraque, que já goza de uma ampla autonomia.

Enquanto aumentam os chamados à unidade diante da falta de um consenso visando um governo de união, o pedido de Barzani foi mal recebido, sobretudo em Washington, onde o porta-voz da presidência convocou novamente "todas as partes a trabalhar juntas".

O vice-presidente americano, Joe Biden, se reuniu na Casa Branca com o chefe de gabinete de Barzani, Fuad Hussein, e destacou "a importância de formar um novo governo no Iraque que reúna todas as comunidades". Em Bagdá, o emissário da ONU, Nickolay Mladenov, advertiu para o risco de afundar em um caos similar ao da Síria. Depois convocou os líderes iraquianos a deixar de lado suas divergências e ambições pessoais.

Os legisladores, que devem eleger um presidente do Parlamento, e depois um presidente da República encarregado de designar o futuro primeiro-ministro, se reunirão no dia 8 de julho.



Nesta sexta-feira (4/7), o primeiro-ministro atual, Nuri Al-Maliki, insistiu que se apresentará à reeleição para um terceiro mandato, apesar da pressão interna e externa pra que deixe o cargo. "Não renunciarei nunca a minha candidatura para o cargo de primeiro-ministro", informou Maliki em um comunicado.

As 46 enfermeiras indianas presas no conflito iraquiano há várias semanas serão colocadas em liberdade e se dirigirão a Erbil, a capital da região curda, disse uma delas nesta sexta-feira à AFP. "Alguns aqui (...) dizem que (...) vamos a Erbil", declarou Tincy Thomas à AFP por telefone, acrescentando que recentemente o grupo foi levado à cidade de Mossul, controlada pelos jihadistas.

[SAIBAMAIS]Um diplomata indiano, que pediu o anonimato, disse que se espera que o grupo chegue nesta sexta-feira a Erbil, localizada perto de Mossul por via terrestre, mas que esteve protegida dos distúrbios.

Esta fonte esclareceu que este grupo era diferente de outro de 39 trabalhadores da construção indianos sequestrados em Mossul, a segunda cidade mais importante do Iraque e a primeira a cair sob o controle dos jihadistas durante a ofensiva que lhes permitiu conquistar zonas do território a norte e a oeste de Bagdá.

Ocupação de campos petrolíferos sírios

O Estado Islâmico (EI), que na segunda-feira anunciou a instauração de um califado nos territórios conquistados entre Síria e Iraque, ganhou espaço na província petrolífera de Deir Ezzor, no leste sírio.

Este grupo jihadista, acusado de atrocidades, se apoiou em um fluxo de combatentes provenientes do Iraque e de armas confiscadas do exército neste país para se apoderar de quase a totalidade de Deir Ezzor, mas também dos principais campos petrolíferos e de gás da província, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Com a tomada dos importantes campos de Al-Tanak e Al-Omar, de onde os insurgentes sírios se retiraram, o EI controla atualmente todos os campos, com exceção de Al-Ward, cuja produção é muito escassa, disse o diretor desta ONG.

Diante do fortalecimento deste grupo, que leva adiante sua ofensiva junto com membros das tribos e ex-soldados do exército de Saddam Hussein, o oficial de maior hierarquia americana, o general Martin Dempsey, destacou a necessidade de uma ajuda estrangeira para reconquistar os territórios ocupados, embora tenha informado que sua declaração não pressagiava um compromisso americano.

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