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Vídeo do califa do Iraque é sinal do poder crescente do Estado Islâmico

Abu Bakr al-Bagdhadi convocou na sexta-feira os muçulmanos à obediência em um sermão na mesquita Al-Nur de Mossul, no Iraque

Agência France-Presse
postado em 06/07/2014 11:16
Bagda - A primeira aparição em um vídeo do líder do Estado Islâmico,Abu Bakr al-Bagdhadi, autoproclamado califa, é uma demonstração de força de seu grupo, que controla partes do Iraque e da Síria, segundo os especialistas. Abu Bakr al-Bagdhadi convocou na sexta-feira os muçulmanos à obediência em um sermão na mesquita Al-Nur de Mossul, no Iraque, segundo um vídeo divulgado no sábado.

Sua aparição foi uma surpresa para um líder que até agora cultivava uma imagem de comandante solitário, e é uma nova demonstração de força do grupo, que em poucas semanas tomou várias regiões diante da impotência do exército iraquiano. "Em resumo, temos o homem mais procurado do planeta que vai ao centro de Mossul e dá um sermão de 30 minutos na mesquita mais venerada da cidade, controlada pelo grupo jihadista mais conhecido de nosso tempo", explica Charles Lister, pesquisador do Brookings Doha Center.

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"O fato de Bagdhadi ter aparecido publicamente em um lugar tão central ressalta a grande confiança que existe dentro de sua organização" em nível de segurança, afirma este especialista. O Estado Islâmico (EI) lidera a insurreição sunita no Iraque que no dia 10 de junho tomou a cidade de Mossul e quer instaurar um califado em um território entre Síria e Iraque.

O vídeo, divulgado no sábado, mostra um homem vestido de preto com a barba grisalha dirigindo-se aos fieis na tradicional oração de sexta-feira. Um texto o identifica como califa Ibrahim, o nome que Bagdhadi usava quando o grupo declarou no dia 29 de junho a criação de um califado, um sistema de governo no qual um líder assume todo o poder político e religioso.

Quando Abu Bakr al-Bagdhadi tomou em maio de 2010 o controle do grupo, que até a semana passada se chamava Estado Islâmico do Iraque e do Levante, acreditava-se que estava enfraquecido. Mas pouco a pouco reuniu dinheiro, melhorou sua estrutura e, se aproveitando do caos provocado pela guerra civil na Síria, expandiu seu poder. Bagdhadi terminou cortando suas relações com a Al-Qaeda, a rede liderada em nível global por Ayman al-Zawahiri.

Seu grupo é conhecido por sua brutalidade e por ter executado e crucificado seus opositores na Síria. "Tudo o que esse grupo fez foi audaz, por isso parece lógico que Bagdhadi tenha saído das sombras para se expor", afirma Will McCants, um ex-assessor na luta contra o terrorismo do Departamento de Estado americano.


[SAIBAMAIS]"O sermão de Bagdhadi parece incoerente do ponto de vista da segurança, mas tem muito sentido no contexto de sua competição com a Al-Qaeda para assumir a liderança da guerra santa internacionalmente", explica McCants, agora no Saban Center for Middle East Policy. O grupo jihadista atraiu para sua causa milhares de combatentes estrangeiros, entre eles ocidentais, graças, em parte, à figura de Bagdhadi, que se uniu à insurgência iraquiana após a invasão dos Estados Unidos em 2003 e depois foi detido em uma prisão militar do país.

Segundo os especialistas, os combatentes estrangeiros também se sentem atraídos porque, diferentemente da Al-Qaeda, o grupo parece estar mais orientado à fundação de um Estado Islâmico ideal, se aproveitando da porosidade da fronteira entre Síria e Iraque. O EI também divulgou vídeos em inglês para atrair combatentes ocidentais.

"É muito provável que o vídeo (do sermão) apareça nos próximos vídeos de recrutamento", afirma Ahmed Ali, do Institute of the Study of War. "Bagdhadi quer há tempos se posicionar como líder global da jihad e compete com Zawahiri e com outras figuras da estrutura centralizada da Al-Qaeda. O controle de Mossul e de outras zonas significa para ele um impulso ideal para se estabelecer como principal líder da jihad", afirma Ali.

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