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Irã aumenta exigências em negociação sobre o programa nuclear

Os países ocidentais e Israel acusam Teerã de querer fabricar uma arma atômica, algo que o Irã sempre desmentiu

Agência France-Presse
postado em 08/07/2014 11:32
Teerã - O guia supremo do Irã e responsável máximo pelo programa nuclear, Ali Khamenei, afirmou nesta terça-feira que seu país precisa de 190 mil centrífugas, um número muito superior às 10 mil que os Estados Unidos estariam dispostos a tolerar. As centrífugas são os aparelhos que permitem enriquecer urânio e um dos principais pontos de discórdia entre o Irã e o grupo 5%2b1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha), que estão atualmente negociando um acordo em Viena.

O aiatolá Khamenei, que defende uma postura firme sobre este tema, o principal obstáculo nas relações com o Ocidente há dez anos, considera que o direito do Irã de utilizar a energia nuclear é inalienável e em fevereiro já havia se mostrado céptico sobre as possibilidades de acordo. Os países ocidentais e Israel, a única potência nuclear do Oriente Médio, acusam Teerã de querer fabricar uma arma atômica, algo que o Irã sempre desmentiu.



O objetivo dos Estados Unidos é que o Irã "aceite uma capacidade de 10 mil SWU (Unidades de trabalho de separação), ou seja, 10 mil centrífugas antigas, como as que nós temos", declarou na segunda-feira Khamenei. "Nossos responsáveis dizem que precisamos de 190 mil centrífugas. Talvez não hoje, e sim em dois ou cinco anos, mas é uma necessidade incontestável do país", afirmou o aiatolá em um discurso diante das autoridades do país, publicado nesta terça-feira em seu site.

Khamenei acrescentou que a primeira proposta das grandes potências havia sido "500 ou mil SWU", esperando que o Irã aceitasse finalmente "uma capacidade de 10 mil SWU". O Irã diz querer conservar um programa de enriquecimento industrial para poder produzir o combustível que necessita para construir centrais nucleares. As negociações finais para alcançar um acordo que garanta o caráter pacifico do programa nuclear iraniano começarão na quinta-feira em Viena e podem durar até 20 de julho, a data limite.

Centrífugas mais potentes

Através do acordo pretende-se garantir que o Irã respeite as normas de não proliferação e não tente fabricar uma bomba nuclear. Em troca seriam levantadas as sanções internacionais, que privam o país de milhões de dólares de receitas por petróleo todas as semanas. Atualmente o Irã tem mais de 19 mil centrífugas, 10 mil das quais são de primeira geração (IR-1) e estão ativas, e mil de segunda geração (IR-2m), entre três e cinco vezes mais potentes, que ainda não estão funcionando.

Também está trabalhando em um novo tipo de centrífugas, 15 vezes mais potentes que as IR-1, o que significa que, em teoria, menos de 15 mil centrífugas desta nova geração podem dar ao Irã uma capacidade de 190 mil SWU. O Irã tem apenas uma central nuclear de mil megawatts construída pelos russos em Bushehr (sul), e está negociando com Moscou para construir outras quatro.

Mas o objetivo final é ter 20 centrais para diversificar as fontes de energia e ser menos dependente do petróleo e do gás no consumo interno. Os Estados Unidos e Israel consideram que uma elevada capacidade de enriquecimento pode permitir a Teerã fabricar em pouco tempo uma quantidade suficiente de urânio enriquecido a 90%, necessário para criar uma bomba nuclear.

O Irã aceita baixar seu nível de enriquecimento de 20% a 3,5% no âmbito do acordo estabelecido com os 5%2b1 no fim de 2013 em Genebra. Em junho de 2013, o presidente iraniano, Hassan Rohani, retomou as discussões nucleares, mas seu governo recebe críticas dos que consideram que está fazendo muitas concessões diante do Ocidente.

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