Agência France-Presse
postado em 08/07/2014 13:25
Gaza - O Exército israelense matou 14 palestinos e feriu mais de 80 nesta terça-feira (8/7) em uma ampla ofensiva aérea contra o movimento Hamas na Faixa de Gaza, e cogita uma operação terrestre para deter os disparos de foguete a partir desse território. Desde o início de sua operação "Protective Edge", à meia-noite de segunda-feira, a aviação israelense efetuou dezenas de ataques contra a Faixa de Gaza, reduto do movimento islamita."O objetivo é atingir o Hamas e reduzir o número de foguetes disparados contra Israel", declarou nesta terça-feira um porta-voz militar. Um funcionário de alto escalão israelense, que pediu para não ser identificado, confirmou que "o Exército está se preparando para todos os cenários possíveis, incluindo uma invasão ou uma operação terrestre". O governo já autorizou as Forças Armadas a mobilizar 40 mil reservistas em caso de operação terrestre.
De acordo com fontes médicas palestinas, as incursões deixaram 14 mortos e mais de 80 feridos no enclave nesta terça-feira. A mais sangrenta ocorreu em Khan Yunis, no sul da Faixa, onde um míssil disparado contra uma casa matou sete pessoas, entre elas dois adolescentes. Esse ataque também deixou 25 feridos.
O movimento islamita reagiu revoltado a essa ofensiva, chamando o ataque de "espantoso crime de guerra", e advertiu que "todos os israelenses se tornaram agora alvos legítimos da resistência" palestina, nas palavras de um porta-voz, Sami Abu Zuhri. Anteriormente haviam sido registrados cinco mortes, incluindo um líder do braço armado do Hamas, em dois ataques no centro da Faixa. Outros dois palestinos morreram em uma nova incursão a leste da cidade de Gaza.
[SAIBAMAIS]Diante da situação, a Liga Árabe pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Em um comunicado, o presidente palestino, Mahmud Abbas, exigiu que Israel interrompa imediatamente a sua campanha, e que a comunidade internacional intervenha "para impedir a perigosa escalada que pode provocar mais destruição e instabilidade na região". No entanto, segundo uma fonte ligada ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu citada pela rádio militar, ele vai ordenar uma ampliação significativa da operação em andamento.
Uma ofensiva por etapas
A nova espiral de violência, a mais grave desde novembro de 2012, tem sua origem no sequestro de três estudantes israelenses na Cisjordânia no dia 12 de junho. Os corpos só foram encontrados dias depois. Pouco depois, um adolescente palestino foi sequestrado e queimado vivo em Jerusalém. Um porta-voz militar, o general Moti Almoz, declarou à rádio que tinha recebido ordens do governo de "atingir duramente o Hamas" em uma operação que vai se desenvolver por etapas.
Também confirmou que Israel analisa uma ofensiva terrestre. Nesta terça-feira, dezenas de tanques já estavam mobilizados na fronteira com o enclave palestino. "Todas as cartas estão sobre a mesa (...) Há duas brigadas preparadas, estacionadas atualmente ao redor da Faixa de Gaza, e nos próximos dias chegarão mais", explicou.
"Estamos dispostos a travar uma batalha contra o Hamas, que não terminará em poucos dias. O Exército vai manter sua ofensiva, para que o Hamas pague um preço muito alto", advertiu o ministro da Defesa, Moshe Yaalon. De acordo com o Exército israelense, 33 foguetes disparados de Gaza caíram no sul de Israel nesta terça-feira, sem deixar vítimas. No total, cerca de 300 projéteis foram lançados nas últimas três semanas.
Os disparos de foguetes foram condenados por Washington e pela União Europeia. "Condenamos com firmeza o disparo contínuo de foguetes em direção a Israel, e apoiamos o direito de Israel de se defender desses ataques", declarou a porta-voz do departamento de Estado americano, Jennifer Psaki. Em uma visita ao sul de Israel, o embaixador da UE, Lars Faaborg Andersen, expressou a plena solidariedade dos 28 países do bloco com os habitantes israelenses da região.
Por precaução, nesta terça as escolas e colônias de férias situadas em um raio de 40 km ao redor de Gaza estavam fechadas. Por outro lado, ocorreram novos distúrbios em Jerusalém Oriental, de maioria árabe, e nas localidades árabes do norte de Israel, onde continua a revolta pela morte brutal do jovem palestino. Trinta e nove manifestantes foram detidos na madrugada desta terça-feira, segundo a polícia. No total, 300 pessoas foram detidas em distúrbios ocorridos desde o assassinato do jovem palestino no dia 2 de julho.