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Presidente da Ucrânia visita cidade abandonada por insurgentes

Em Donetsk, um avião efetuou ataques contra uma mina desativada no subúrbio oeste da cidade, não muito distante do local onde estão posicionados combatentes separatistas pró-russos

Agência France-Presse
postado em 08/07/2014 16:20
Donetsk - O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, prometeu nesta terça-feira (8/7) que grandes cidades do leste da Ucrânia serão libertadas em breve dos rebeldes pró-russos, durante uma visita a Slaviansk, recuperada dos insurgentes. Com um uniforme camuflado, acompanhado de vários de seus ministros e de seguranças, Poroshenko fez uma rápida aparição na praça central de Slaviansk, cidade esvaziada no sábado pelos rebeldes diante do avanço das forças leais ao governo de Kiev. Ele foi saudado por centenas de moradores que buscavam ajuda humanitária, constatou um jornalista da AFP.

Perguntado sobre quando irá para Donetsk e Lugansk, ainda controladas pelos separatistas, ele respondeu: "Muito em breve, espero". O Exército ucraniano se preparava nesta terça-feira para bloquear essas duas capitais regionais com o objetivo de forçar a rendição dos rebeldes. Após o anúncio do ministro da Defesa, Valeri Gueletei, de que não negociará até que os rebeldes deponham as armas, os Estados Unidos voltaram a dar seu apoio verbal, embora a União Europeia siga preferindo a via diplomática.

Em resposta, o líder separatista de Lugansk declarou que qualquer futura negociação de trégua será conduzida "em nossos próprios termos", acrescentando que seus homens conseguiram repelir as tropas ucranianas de parte dessa cidade na fronteira com a Rússia. Não foi possível conseguir a versão dos líderes da insurgência separatista em Donetsk, mas em um vídeo gravado anteriormente o autoproclamado governador popular da cidade, Pavel Gubarev, aparece pedindo aos voluntários que se preparem para lutar.

"Agora precisamos da ajuda de todos os cidadãos da cidade, que os militantes peguem em armas e se preparem para defender sua família e sua terra", dizia. Kiev afirma que "não voltará a decretar um cessar-fogo unilateral", como o que expirou no dia 30 de junho, disse o ministro da Defesa. "O presidente ucraniano disse claramente: qualquer tipo de negociação só será possível depois que os combatentes tiverem entregado as armas definitivamente", declarou, rejeitando implicitamente os pedidos europeus de voltar a estabelecer uma trégua.

Na segunda-feira, o chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, pediu uma nova trégua e os presidentes de França e Estados Unidos conversaram com seu colega russo Vladimir Putin pedindo que pressione os separatistas a "aceitar um diálogo com as autoridades ucranianas". No entanto, Kiev considera que, se for estabelecido um cessar-fogo incondicional enquanto os insurgentes seguem controlando parte da fronteira com a Rússia, isso só vai servir para eles se reforçarem.

A porta-voz do Departamento de Estado americano, Jennifer Psaki, perguntada sobre as imagens de vítimas civis no leste da Ucrânia atribuídas supostamente aos ataques do Exército, reafirmou o apoio dos Estados Unidos ao governo da Ucrânia. "O governo da Ucrânia está defendendo seu país e acredito que tem o direito de fazê-lo", disse a porta-voz. "Os habitantes da Ucrânia têm o direito de viver em paz e em segurança, sem que separatistas apoiados pela Rússia ataquem suas casas", acrescentou

Preparativos para uma guerrilha


Em Donetsk, um avião efetuou ataques contra uma mina desativada no subúrbio oeste da cidade, não muito distante do local onde estão posicionados combatentes separatistas pró-russos, de acordo com testemunhos obtidos pela AFP. Em Lugansk, um veículo de transporte coletivo foi atingido por um morteiro no início da manhã. Duas pessoas morreram e quatro ficaram feridas, anunciaram as autoridades locais, embora não tenham indicado a origem dos disparos.



Na capital, o ministro da Justiça, Pavlo Petrenko, iniciou um processo para proibir o Partido Comunista ucraniano em razão do seu apoio aos separatistas do leste. Os guardas de fronteira ucranianos indicaram nesta terça que haviam identificado "sinais de preparativos dos separatistas para uma guerrilha ao longo da fronteira", principalmente para efetuar disparos de surpresa contra os postos de fronteira e as forças da "operação antiterrorista".

Em Moscou, não houve reações contundentes aos avanços das tropas ucranianas. O governo está dividido entre os partidários da linha dura, que desejam uma solução militar, e os que preferem a via diplomática, preocupados com o impacto que novas sanções internacionais podem causar na economia russa.

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