Agência France-Presse
postado em 10/07/2014 10:52
Olenivka - As forças do governo da Ucrânia se posicionaram nesta quinta-feira (10/7) a 20 km de Donetsk, um dos redutos dos separatistas pró-russos no leste do país, embora um ataque à cidade não pareça iminente. Uma coluna de tanques, blindados e caminhões, de um quilômetro e meio de comprimento, chegou na quarta-feira de Mariupol, a 110 km de distância de Donetsk, sem travar combates, e se dispersou por vários locais, afirmaram à AFP soldados ucranianos.
As máquinas cavavam trincheiras nos campos próximos à aldeia de Olenivka. O objetivo é cercar Donetsk e Lugansk, os dois principais redutos dos insurgentes. Os jornalistas da AFP observaram um tanque e dois blindados de infantaria de fabricação russa situados em ambos os lados de uma estrada e mais adiante um canhão antiaéreo, assim como vários veículos militares espalhados pela floresta. Nos últimos dias, as forças de Kiev retomaram várias cidades dos rebeldes, como Slaviansk, e o governo ucraniano anunciou a imposição de um bloqueio a Donetsk e Lugansk.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e outros funcionários disseram ter ordenado que as operações contra os separatistas não causem mortes entre a população civil, uma regra que parece ser descumprida no cenário da batalha, de acordo com testemunhos ouvidos em Lugansk.
As forças de Kiev são superiores aos recursos dos separatistas em efetivos e em material, mas sua ação é limitada porque Donetsk tem um milhão de habitantes e Lugansk 500 mil. Uma fonte ucraniana declarou na noite de quarta-feira que não ocorrerá "nenhum bombardeio aéreo, nenhum bombardeio de artilharia" contra Donetsk e Lugansk. "Estamos prestes a terminar o bloqueio, razão pela qual a tomada destas cidades pode ocorrer em um prazo de um mês".
Apelo à moderação
Stanislav Retchinskii, conselheiro do ministro do Interior, deu a entender que as forças de Kiev "começarão em dois ou três dias uma nova etapa da operação antiterrorista" e preparam surpresas - que não especificou - em Donetsk. As surpresas podem ser operações dos serviços especiais para atacar os separatistas sem deixar vítimas entre a população civil.
Na manhã desta quinta-feira, a situação militar parecia mais tranquila, mas as autoridades informaram sobre a morte de dois homens pela explosão de uma mina na passagem de um comboio de tropas em Donetsk, e de outra na região de Lugansk, onde um caminhão militar caiu em uma emboscada.
[SAIBAMAIS]Nas últimas 24 horas, 27 pessoas ficaram feridas entre as forças governamentais. Os separatistas não costumam divulgar balanços de baixas. No campo diplomático prosseguem os contatos entre Ucrânia, Rússia e Ocidente, mas até o momento não se vislumbram progressos devido às condições impostas por Kiev para um cessar-fogo, que Moscou deseja que seja incondicional.
Alemanha e França pediram na quarta-feira a Kiev que atue com moderação. O presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, planejam conversar nos próximos dias com o presidente russo, Vladimir Putin, para pedir a ele que pressione os separatistas a retornarem à mesa de negociações. Merkel inclusive pode conversar diretamente com Putin no domingo no Rio de Janeiro, onde ambos assistirão a final da Copa do Mundo, afirmou um conselheiro do Kremlin.