Agência France-Presse
postado em 12/07/2014 10:20
Donestk - Milhares de habitantes da cidade Donetsk abandonaram neste sábado (12/7) este reduto dos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, ante o temor de um ataque iminente das forças ucranianas. Nas últimas 48 horas, os confrontos com os rebeldes deixaram 30 mortos entre as forças de Kiev.
Durante a semana, o exército ucraniano se posicionou a 20 quilômetros da cidade, mas as autoridades de Kiev, incluindo o presidente Petro Poroshenko, pareciam descartar um ataque frontal contra Donetsk e contra a outra grande cidade rebelde, Lugansk, pois a ação, inevitavelmente, deixaria muitas vítimas civis.
[SAIBAMAIS]Apesar disso, um grande número de habitantes de Donetsk preferiram não se arriscar e abandonaram a cidade enquanto isso é possível.Segundo o autoproclamado primeiro-ministro da república popular de Donetsk, Alexandre Borodai, mais de 70.000 dos 90.000 habitantes da cidade deixaram o local.
Na sexta-feira (11/7), todos os trens que saíram da cidade estavam cheios, o que apesar de tudo é bastante comum, explicou um funcionário da companhia ferroviária.As saídas foram realizadas com calma, sem desespero nem cenas de êxodo, mas havia longas filas para comprar as passagens.
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Enquanto isso, os confrontos entre as duas as partes continuam, também no aeroporto de Donetsk.O ataque mais violento aconteceu na sexta-feira pela manhã em Rovenki, na região de Lugansk, onde morreram 19 soldados por disparos de foguetes Grad. Outros quatro soldados morreram na zona de conflito entre quinta-feira e sexta-feira, e a morte de outros sete foi anunciada no sábado, o que eleva para 30 o número de mortos em 48 horas no lado das tropas de Kiev.
Vingar cada soldado morto
O presidente Poroshenko alterna declarações bélicas, como sua promessa na última sexta-feira de vingar a todos os soldados mortos "com dezenas e centenas" de rebeldes mortos, e outras mais apaziguadoras.
Na sexta-feira, o president ucraniano recebeu o prefeito de Donetsk em Kiev, Olexander Lukianchenko, com quem "examinou as medidas para evitar um derramamento de sangue e o uso da aviação e da artilharia pesada na cidade, para que não haja vítimas nem destruições das infraestruturas vitais", segundo o município.
Mas parece difícil que as forças de Kiev tomem Donetsk sem usar aviões e tanques porque os insurgentes, embora menos numerosos, estão determinados a lutar e contam com um arsenal abundante, incluindo armas antitanque e lança-foguetes soviéticos Grad.
Kiev resiste às pressões europeias e russas e se nega a considerar um cessar-fogo enquanto os rebeldes não aceitarem suas condições, ou seja, ceder o controle da fronteira com a Rússia e liberar todos os "reféns".
Na ONU, a Rússia propôs ao Conselho de Segurança "elementos" de uma futura resolução que exigiria de Kiev e dos separatistas pró-russos um cessar-fogo e outorgaria um papel mais importante à Organização para a Segurança e para a Cooperação na Europa (OSCE). Uma das propostas russas é que o Conselho "exija de forma obrigatória que as partes em conflito cessem a violência". Mas a Ucrânia dificilmente aceitaria esta ideia, já que teme a instauração permanente no leste de seu território de um "mini-Estado" pró-russo, uma situação semelhante à de Transnistria, na Moldávia, ou da Abkhazia, na Geórgia.
Por outro lado, a União Europeia no sábado incluiu os principais dirigentes das autoproclamadas Repúblicas de Donetsk e Lugansk, como Borodai e outras 11 pessoas, na lista de ucranianos pró-russos sancionados por seu envolvimento no conflito. O governo do Canadá também adotou sanções e proibições de viagem para 14 ucranianos pró-Rússia.