Agência France-Presse
postado em 14/07/2014 11:55
Lugansk - As forças ucranianas marcaram um ponto nesta segunda-feira (14/7) na batalha contra os rebeldes pró-russos, ao desbloquearem o aeroporto de Lugansk, mas perderam um avião de transporte militar derrubado pelos separatistas. "O Estado-Maior da operação terrorista informou ao presidente Petro Poroshenko que após os combates os militares ucranianos chegaram ao aeroporto de Lugansk", anunciou a presidência na madrugada desta segunda-feira.O aeroporto, danificado e fechado há várias semanas, estava controlado pelas forças leais a Kiev, mas cercado por rebeldes separatistas que impediam o acesso. Horas mais tarde, o serviço de imprensa da autoproclamada "República Popular de Donetsk" anunciou a derrubada na zona de um avião de transporte militar ucraniano, do qual três pessoas saltaram de paraquedas.
O exército ucraniano reconheceu ter perdido o contato com uma aeronave AN-26, que sobrevoava a região, enquanto a presidência do país, citando o ministério da Defesa, declarou que os tiros que abateram o avião provavelmente eram provenientes da Rússia. Segundo o mesmo serviço de imprensa, nesta segunda-feira prosseguiam os combates nos povoados de Mettalist (ao norte), Olexandrivka (a oeste), Gueorguiivka e Raskoshna (sudoeste), assim como no aeroporto (sul), o que demonstra que as forças de Kiev estão cercando Lugansk.
[SAIBAMAIS]A cidade de Lugansk declarou nesta segunda-feira que nas últimas 24 horas três civis morreram e outros 14 ficaram feridos pelos disparos. Lugansk, uma cidade industrial de 425 mil habitantes, é junto com Donetsk a capital de uma das duas repúblicas populares autoproclamadas pelos separatistas em reação à ascensão em Kiev de um poder pró-ocidental em fevereiro.
Diálogo bloqueado
Enquanto isso, a busca de uma solução política parece estar em ponto morto. Em seu encontro no domingo no Rio de Janeiro, à margem da final do Mundial de futebol, o presidente russo, Vladimir Putin, e a chanceler alemã, Angela Merkel, se limitaram a repetir que é necessário iniciar negociações diretas o quanto antes entre Kiev e os separatistas, para possibilitar um cessar-fogo bilateral.
Há vários dias, este desejo se choca com a exigência de Kiev de retomar previamente o controle de sua fronteira com a Rússia, uma exigência que os rebeldes e Moscou rejeitam implicitamente, embora com firmeza. O diálogo se complicou ainda mais após um incidente fronteiriço no domingo. Moscou acusou as forças de Kiev de ter disparado um morteiro que matou um civil em uma cidade russa, e ameaçou a Ucrânia com consequências irreversíveis. Kiev desmentiu qualquer envolvimento.
"Um incidente como esse beneficia os separatistas e seus patrocinadores. Já que a Rússia fornece armas aos separatistas e controla uma parte do território, pode facilmente girar os canhões ao território russo. Se depois acusa a Ucrânia, obtém um bom efeito propagandístico", estima em declarações à AFP um especialista militar, Alexei Golobutski. O presidente Poroshenko pediu no domingo ao Conselho Europeu que condene o comportamento da Rússia, acusada por ele de ter introduzido ilegalmente em seu país material militar pesado e atacado posições de soldados ucranianos.
Já o ministério russo das Relações Exteriores convidou nesta segunda-feira a Organização para a Cooperação na Europa (OSCE) a enviar observadores à fronteira entre Rússia e Ucrânia. "Como um gesto de boa vontade e sem esperar a aplicação de um cessar-fogo", a Rússia "convida os observadores da OSCE a se dirigirem aos postos fronteiriços de Gukovo e de Donetsk, na fronteira entre Rússia e Ucrânia", afirma o comunicado divulgado pelo ministério russo.
A primeira rede de televisão russa foi acusada nesta segunda-feira de levar adiante uma campanha de desinformação, depois de divulgar uma reportagem na qual uma mulher, apresentada como uma refugiada ucraniana, afirma que as forças de Kiev crucificaram um menino em público. A mulher declarou que os incidentes ocorreram em Slaviansk quando as forças de Kiev recuperaram este reduto dos separatistas pró-russos. Mas nenhuma outra fonte confirmou, e muitos habitantes desmentiram na imprensa que algo assim tenha ocorrido.