postado em 17/07/2014 13:14
Embora Israel afirme que tem tudo perfeitamente calculado para intensificar suas operações em Gaza, o governo israelense ainda hesita sobre o caminho a seguir para neutralizar seu inimigo palestino, já que uma intervenção terrestre pode se revelar difícil, segundo os especialistas.Paralelamente à ação militar, Israel e o Hamas negociam um eventual cessar-fogo com a mediação do Egito. Embora um funcionário israelense tenha afirmado que um compromisso foi alcançado, o movimento islamita declarou que não há acordo sobre o fim dos ataques, embora estejam sendo feitos esforços.
Para Giora Eiland, ex-conselheiro de Segurança Nacional de Israel e artífice da retirada unilateral israelense da Faixa de Gaza em 2005, o exército israelense pode lançar "uma operação terrestre em menos de 48 horas se não ocorrer a assinatura de uma trégua ou acontecer um aumento das tensões no último minuto".
O governo do conservador Benjamin Netanyahu quer uma ofensiva mais forte, especialmente depois que a estratégia de bombardeios, que deixou ao menos 231 mortos palestinos desde 8 de julho, não conseguiu diminuir o lançamento de foguetes diários contra o sul de Israel a partir de Gaza, afirma a rádio militar.
"As principais infraestruturas são subterrâneas ou estão dentro de edifícios civis", segundo o especialista militar da rádio, para quem apenas uma operação terrestre pode destruí-las.
O movimento islamita palestino Hamas, que controla desde 2007 a Faixa de Gaza, reivindicou a maioria dos lançamentos de foguetes contra Israel e uma tentativa frustrada de infiltração em seu território através de um dos muitos túneis construídos no enclave palestino, segundo os especialistas.
"O Hamas, inspirado nas técnicas do Hezbollah (xiita libanês), em especial na ocultação de suas infraestruturas, tem a capacidade para resistir durante semanas", afirma o especialista militar israelense Daniel Nisman.
No entanto, diante da ideia de um confronto extenuante ou de um atoleiro sem vitória militar, como durante a guerra contra o Hezbollah em 2006, o governo israelense mostra-se dividido sobre como prosseguir.
Incursão terrestre limitada
O ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman (ultranacionalista), defende há dias uma operação terrestre que termine com o exército controlando toda Gaza, onde "não reste nem mesmo um terrorista palestino".
"Ou saem, ou os deteremos, ou os eliminamos", acrescentou.
A operação pode tomar a forma de ataques específicos perto da fronteira entre Israel e Gaza contra os arsenais de armas e os túneis que servem para transferi-las, segundo Nisman.
Este especialista, para quem Israel tem muito a perder com uma operação militar, considera que o sistema de defesa antimísseis israelense Iron Dome é eficaz para deter os ataques, mas afirma que as unidades especiais de engenharia militar são mais adequadas para destruir os túneis.
O sistema de defesa antimísseis interceptou vários dos mais de mil foguetes lançados contra Israel desde 8 de julho, que deixaram até agora um israelense morto.
Outras opções
"A primeira opção é intensificar os ataques diminuindo as precauções" para limitar perdas civis, afirma Amos Harel, correspondente militar do jornal Haaretz.
O exército diz alertar com antecedência os habitantes dos bairros bombardeados para limitar as perdas humanas. As Nações Unidas ressaltam, no entanto, que 75% das vítimas são civis.
Em terra, onde se reúnem tropas de infantaria e 40.000 reservistas na fronteira, os militares estão preparados para qualquer cenário.
"O exército retomou seus ataques e os aumentará se for necessário por terra, mar e ar em função de nossas ordens", declarava no início da semana o chefe do Estado-Maior, o general Benny Gantz.