Agência France-Presse
postado em 22/07/2014 17:07
Bruxelas - A União Europeia (UE) divulgará na próxima quinta-feira as novas sanções contra empresas e autoridades russas por seu apoio aos separatistas da Ucrânia, anunciou nesta terça-feira a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.A UE decidiu "acelerar a elaboração das sanções decididas na semana passada em Bruxelas pelos chefes de Estado e de governo da UE", declarou Ashton, informando que a lista será revelada na quinta-feira.
Ashton disse que a lista é destinada a "empresas e pessoas, incluindo da Federação Russa", pelo fornecimento de material e apoio financeiro aos responsáveis pela anexação da península ucraniana da Crimeia, em março, e pela desestabilização do leste do país, onde foi derrubado o avião da Malaysia Airlines.
[SAIBAMAIS]Segundo fontes diplomáticas, a UE conclui nesta terça-feira a lista de sanções contra Moscou, que devem afetar principalmente os setores de tecnologia e defesa.
"A Comissão (Europeia) será encarregada de preparar sanções contra os setores de tecnologias estratégicas e militares", declarou o ministro austríaco de Relações Exteriores, Sebastian Kurz, em uma reunião com outros chanceleres europeus em Bruxelas.
De acordo com outra fonte, as medidas podem afetar também o acesso russo aos mercados financeiros europeus e aos bens de uso civil e militar, assim como o setor energético, em particular de gás e petróleo.
A Comissão Europeia e o serviço diplomático da UE terão vários dias para preparar as medidas, segundo as mesmas fontes.
A Rússia está mais do que nunca na mira da UE, depois da tragédia com o avião malásio, supostamente abatido por separatistas pró-russos na quinta-feira passada com quase 300 pessoas a bordo no momento em que sobrevoava o leste da Ucrânia.
Europa e Estados Unidos pedem que a Rússia use sua influência sobre os rebeldes para facilitar a investigação sobre a tragédia, em especial, o acesso dos investigadores ao local do acidente. O presidente russo, Vladimir Putin, respondeu ao pedido nesta terça-feira.
"A Rússia fará tudo o que estiver ao seu alcance para uma investigação completa, exaustiva, profunda e transparente", declarou Putin, citado por agências.
Moscou já foi alvo de sanções europeias por seu papel no conflito entre Kiev e os rebeldes pró-russos. Até o momento, a UE proibiu a emissão de vistos europeus e congelou os ativos de 72 russos e ucranianos.
O Reino Unido lidera o grupo de países que pede sanções mais severas contra a Rússia, que incluem um embargo de armas. A França vem sendo pressionada a cancelar a venda de dois navios militares a Moscou. "Seria impensável atender a um pedido como o que foi feito aos franceses", disse na segunda-feira o primeiro-ministro David Cameron.
"Entregar armas à Rússia é uma posição difícil de defender", disse nesta terça-feira em Bruxelas o ministro das Relações Exteriores sueco, Carl Bildt.
Bildt, e seu colega polonês Radek Sikorski, acusaram diretamente Moscou de ter "fornecido armamento pesado aos separatistas pró-russos". "O disparo que derrubou o avião da Malaysia Airlines é a consequência", acrescentou o sueco.
Em sua conta no Twitter, Dalia Grybauskaite, presidente de Lituânia - uma ex-república soviética -, se posicionou contra a "mistralização" da política da UE, em referência aos dois navios franceses do tipo Mistral comprados pela Rússia.
O presidente francês, François Hollande, afirmou na segunda-feira que a França entregará o primeiro dos dois navios porta-helicópteros porque já estão pagos. A entrega do segundo navio dependerá da "atitude" de Moscou na Ucrânia.
O contrato dos navios, concluído em 2011 por 1,2 bilhão de euros, tem suscitado polêmica desde o início da crise na Ucrânia. O presidente americano, Barack Obama, já tinha expressado em junho sua preocupação em relação a esta venda.