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Diplomata americana admite dificuldades para cessar-fogo em Gaza

Porta-voz adjunta do Departamento de Estado recusou-se a apresentar detalhes sobre um possível acordo, dizendo somente que os EUA apoiam a iniciativa egípcia, baseada em uma trégua de 2012

Washington - As negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza são "muito complicadas", admitiu uma porta-voz da diplomacia americana nesta quinta-feira (24/7), afirmando ser impossível prever quanto tempo as hostilidades vão durar.

O secretário de Estado americano, John Kerry, já visitou Egito, Israel e Cisjordânia nesta semana para tentar persuadir Israel e o Hamas a aceitarem uma trégua. O conflito já dura 17 dias e deixou até o momento 788 palestinos e 35 israelenses mortos.

[SAIBAMAIS]Perguntada se era possível chegar a um acordo antes do fim do Ramadã - mês sagrado dos muçulmanos - na próxima semana, a porta-voz adjunta do Departamento de Estado, Marie Harf, afirmou que é "um assunto complicado". "Estamos na região discutindo esses assuntos, mas é muito complicado", explicou à imprensa.



"Não tenho previsão de quanto tempo isto vai durar, mas acredito que tudo o que vocês devem fazer é olhar para o que está acontecendo na região para ver que isso precisa acontecer o mais rápido possível", declarou, referindo-se a um cessar-fogo.

Harf recusou-se a apresentar detalhes sobre um possível acordo, dizendo somente que os Estados Unidos apoiam a iniciativa egípcia, baseada em uma trégua de 2012. O acordo em questão, no entanto, foi violado quase imediatamente depois de ter sido aceito.

O líder do Hamas, Khaled Mechaal, rejeitou publicamente qualquer cessar-fogo que não inclua o fim do bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza, em vigor há oito anos. O Hamas é considerado um grupo terrorista por Israel e Estados Unidos, e conduz as negociações através de intermediários da Turquia e do Catar.

Kerry conversou três vezes por telefone com o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, nesta quinta-feira. Também falou com os ministros das Relações Exteriores da Jordânia e do Catar, além de ter mantido contato com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Mas especialistas acreditam que um vácuo de poder no Oriente Médio compromete os esforços. Os analistas acreditam que o Egito perdeu influência e já não tem a mesma legitimidade para negociar um cessar-fogo entre israelenses e palestinos.

O conselheiro-adjunto de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Tony Blinken, pediu um acordo que determine a desmilitarização da Faixa de Gaza, para evitar outros conflitos. Entretanto, seria uma proposta de longo prazo, possível somente depois que os dois lados suspenderem as hostilidades.