Agência France-Presse
postado em 01/08/2014 10:02
Donestsk - Várias dezenas de inspetores internacionais chegaram nesta sexta-feira (1;/8) ao local onde o avião malaio caiu na Ucrânia para investigar esta tragédia, apesar da retomada dos confrontos no leste do país que deixaram 14 mortos.
As forças ucranianas reiniciaram as operações contra os separatistas pró-russos depois de suspendê-las na quinta-feira para contribuir com a investigação internacional sobre a tragédia aérea, que também provocou a adoção de sanções ocidentais contra a Rússia, acusada de armar os rebeldes.
Ao menos dez paraquedistas ucranianos figuram entre as 14 vítimas de uma emboscada na madrugada desta sexta-feira dos rebeldes perto de Shajtarsk, a 25 quilômetros do local do acidente, indicou o Estado-Maior ucraniano. "Ainda é preciso identificar quatro corpos", declarou à AFP um porta-voz.
"Atualmente, as ações militares estão em uma fase ativa", indicou Olexi Dmytrashkivski, porta-voz do Estado-Maior. "Mas não ocorrem combates na zona onde o Boeing caiu. Hoje, um grupo de especialistas internacionais prosseguirá seu trabalho", acrescentou.
Um pequeno grupo de especialistas holandeses e australianos conseguiu chegar na quinta-feira ao local onde o Boeing da Malaysia Airlines caiu, onde ainda há restos humanos e do avião, mais de duas semanas após o drama que deixou 298 mortos no dia 17 de julho. Para isso, utilizaram um itinerário muito mais longo.
Além disso, a Organização para a Cooperação e a Segurança na Europa (OSCE) confirmou em sua conta no Twitter a chegada nesta sexta-feira ao local de um grupo de 70 observadores e especialistas. "Especialistas holandeses e australianos chegaram ao local onde o avião caiu" para realizar trabalhos de busca, declarou o ministério holandês do Interior e da Justiça em um comunicado.
As caixas-pretas foram enviadas ao Reino Unido para terem seu conteúdo analisado. Segundo Kiev, as primeiras constatações apontaram uma forte explosão característica de um míssil de fragmentação, embora os investigadores não tenham confirmado esta informação.
Policiais para proteger os inspetores
Uma missão de policiais armados holandeses e australianos, que pode chegar a um máximo de 950 efetivos, também deve começar a se mobilizar nesta sexta-feira para proteger a zona, onde os destroços do avião se encontram.
Na quinta-feira, em um encontro em Minsk entre representantes ucranianos, separatistas e russos sob a supervisão da OSCE, as diferentes partes acordaram garantir um acesso seguro aos investigadores internacionais, indicou a OSCE em um comunicado. Outro encontro está previsto na próxima semana, acrescentou.
O ex-presidente ucraniano Leonid Kushma, que representa Kiev nas negociações, afirmou que os rebeldes pró-russos, que controlam a zona onde o avião caiu, afirmaram que entregariam os objetos pessoais dos falecidos. As duas partes se comprometeram a libertar 20 prisioneiros cada uma, acrescentou em uma entrevista à agência Interfax-Ucrania.
Em um comunicado, o Estado-Maior apontou avanços em sua ofensiva lançada no início de julho, em especial em alguns redutos pró-russos, como as cidades de Donetsk e Lugansk, e na zona fronteiriça com a Rússia. "As forças ucranianas libertaram a localidade de Novyi Svit", 25 km ao sul de Donetsk, que conta com 8.000 habitantes, indicou a mesma fonte, acrescentando que a aviação russa violou o espaço aéreo ucraniano.
Em Lugansk, os combates deixaram cinco mortos, entre eles um menor, e nove feridos civis em 24 horas, segundo as autoridades municipais. Em Donetsk, a prefeitura indicou que um passageiro de um micro-ônibus morreu na noite de quinta-feira por uma explosão produzida por um disparo de artilharia.
Os combates deixaram mais de 1.100 mortos, segundo as Nações Unidas, sem contar as vítimas do avião, e significaram um duro golpe para as relações entre os países ocidentais e Moscou. A Rússia, cuja economia encontra-se à beira da recessão, minimizou a importância das últimas sanções ocidentais contra setores chave como finanças, defesa e energia, e advertiu que estas medidas poderiam se voltar contra os interesses de Europa e Estados Unidos.
O opositor russo e ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov lamentou que os países ocidentais tenham esperado tanto tempo para reagir a Putin.