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Mais de 90 morrem na cidade de Rafah após bombardeios de Israel

Extremistas palestinos sequestram oficial judeu, e cessar-fogo fracassa. Israel responde com escalada de bombardeios. Obama exige libertação incondicional de militar

Rodrigo Craveiro
postado em 02/08/2014 08:00
Colunas de fumaça sobem de prédios destruídos por mísseis e bombas de Israel, em Rafah, na Faixa de Gaza

A trégua humanitária de 72 horas anunciada anteontem por Israel e pelas facções palestinas durou apenas 90 minutos, deu lugar a mais um massacre e, segundo especialistas, decretou a falência da diplomacia na escalada de tensão no Oriente Médio. Por volta das 9h30 (3h30 em Brasília), militantes islâmicos mataram dois soldados israelenses no sul da Faixa de Gaza e arrastaram o segundo-tenente Hadar Goldin, 23 anos, para dentro de um túnel. ;De um ponto de acesso do túnel ou vários pontos, terroristas saíram da terra. Pelo menos um era um terrorista suicida, que se explodiu. Houve troca de tiros;, declarou o tenente-coronel Peter Lerner, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF). Hadar e os colegas trabalhavam na demolição de um dos túneis. O presidente dos EUA, Barack Obama, exigiu a libertação incondicional do militar e culpou o movimento fundamentalista Hamas. ;Nós, de forma inequívoca, condenamos o Hamas e as facções palestinas como responsáveis pelo assassinato de dois soldados e pelo sequestro de um terceiro, quase no mesmo instante do anúncio do cessar-fogo;, declarou. ;Eu quero ter a certeza de que eles estão me escutando; se são sérios sobre resolver a situação, devem libertar o soldado.; Israel e Hamas se acusaram mutuamente da violação do cessar-fogo.

Simha Goldin, pai de Hadar, fez um breve comunicado à imprensa, diante da casa da família, em Kfar Saba, na região central de Israel. ;Nós desejamos o fortalecimento da luta de Israel contra o Hamas e estamos certos de que as IDF não vão deixar de remexer uma só pedra até que tenham a certeza de que Hadar voltará a salvo;, disse. Na tentativa de resgatar o segundo-tenente, tropas avançaram sobre Rafah, no centro-sul da Faixa de Gaza, apoiadas por bombardeios aéreos e por fogo pesado de artilharia. Pelo menos 151 palestinos morreram somente ontem na Faixa de Gaza, 91 deles na ofensiva à cidade. ;Todo mundo teme a morte aqui. Os bombardeios são aleatórios;, relatou ao Correio, por telefone, o estudante Ibraheem Hanoun (Leia o depoimento), 21 anos. Presos em casa, ele e cinco familiares se preparavam, às 23h30 de ontem (17h30 em Brasília), para uma madrugada tensa. Ao fundo, a reportagem pôde ouvir o barulho de aviões. ;O que está acontecendo aqui é um massacre. O Hospital Al-Najar, o maior de Rafah, foi esvaziado. Os corpos estão empilhados no chão;, disse. Cerca de 15 minutos após a entrevista, duas casas próximas foram alvejadas por mísseis. Militantes palestinos lançaram mais de 60 foguetes contra o território israelense.



Até o fechamento desta edição, a Operação Margem Protetora, iniciada em 8 de julho, tinha matado 1.624 palestinos e ferido 8.805, segundo o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 70% dos mortos são civis. As baixas israelenses incluem 63 soldados e 3 civis. ;Nós temos que fazer mais para proteger os civis, deter a matança e tentar resolver alguns dos temas subjacentes;, defendeu Obama. ;Acho que vai ser muito difícil voltar a instaurar um novo cessar-fogo se os israelenses e a comunidade internacional não puderem confiar em um compromisso do Hamas;, acrescentou. Segundo ele, ;Israel tem o direito de se defender;. ;Nenhum país pode ou iria tolerar foguetes serem disparados contra civis e túneis serem cavados sob seu território para serem usados em ataques terroristas;, comentou Obama. O líder americano elogiou o trabalho de seu secretário de Estado, John Kerry, e garantiu que Washington seguirá insistindo num cessar-fogo.

Ouça o depoimento de Ibraheem Hanoun, 21 anos, estudante, morador de Rafah

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