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Promotor especial do caso Watergate diz ter sentido alívio com renúncia

Em entrevista exclusiva ao Correio, Ben-Veniste admitiu não ter razões para duvidar que Nixon sabia do grampo ilegal na sede do Partido Democrata

Rodrigo Craveiro
postado em 04/08/2014 09:02
Richard Ben-Veniste, 71 anos, começou a trabalhar como promotor especial do caso Watergate e chefe da Força-Tarefa do Escritório do Promotor Especial para o Caso Watergate en 4 de julho de 1973. A tarefa de reunir provas contra o presidente Richard Nixon teve como obstáculos manobras políticas de acobertamento e o ;roubo; de arquivos da investigação por parte do FBI. Em entrevista exclusiva ao Correio, por telefone, Ben-Veniste ; hoje advogado do escritório Mayer Brown LLP ; admitiu não ter razões para duvidar que Nixon sabia do grampo ilegal na sede do Partido Democrata. Ele também contou ter sentido alívio com a renúncia do presidente.



Quais foram as principais dificuldades enfrentadas em seu trabalho?
Eu comecei a trabalhar no caso em 4 de julho de 1973, no Dia da Independência. Na época, eu era advogado assistente (promotor federal) dos Estados Unidos, lotado em Nova York. E fui recrutado a me unir à equipe de promotores do caso Watergate. As principais dificuldades estavam nos fatos de que devíamos ter a certeza de que tínhamos os fatos exatamente corretos e que não cometeríamos erros.



O senhor conseguiu coletar provas suficientes para incriminar o presidente Nixon?
Não. Naquele momento, nós retornávamos o indiciamento contra ele. Houve fatores complicadores, pois Richard Nixon, então presidente dos Estados Unidos, estava engajado em atos criminosos de acobertamento. Ele estava conectado com o acobertamento dos crimes de Watergate. Nós tomamos a decisão de deter qualquer ação que fosse desinteressante para a acusação, seguindo o princípio de que o impeachment no Congresso não era o alvo. O presidente Nixon renunciou antes de o processo de impeachment ocorrer, porque ele percebeu que seria afastado e condenado em um julgamento perante os Estados Unidos.

[SAIBAMAIS]Houve muita pressão ou algum tipo de ameaça durante seu trabalho?
Não houve ameaças diretas. No entanto, o chamado ;massacre de sábado à noite; ; no qual o presidente Nixon ordenou a demissão do promotor especial Archibald Cox e enviou o FBI para selar nosso escritório e nossos arquivos ; foi um ato de intimidação ilegal, ao obstruir nossa investigação. A reação tempestuosa da opinião pública, opondo-se à ação, levou o presidente a reverter a decisão, ordenando o FBI a sair de nossos escritórios e entregando as fitas, como a Corte tinha ordenado.

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