Agência France-Presse
postado em 08/08/2014 19:42
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi eleito com a promessa de retirar as tropas americanas do Iraque e cumpriu o prometido. Agora, lança ataques aéreos para impedir a "barbárie" dos jihadistas, reabrindo, com muitas reservas, um capítulo que já considerava concluído.
Aquele que, no final de 2011, comemorava ter deixado "um Estado soberano, estável", após quase nove anos de ocupação, torna-se o quarto presidente americano consecutivo a empreender uma ação militar no Iraque, depois de George H.W. Bush, Bill Clinton e George W. Bush.
Durante um pronunciamento na quinta-feira à noite na Casa Branca, o presidente americano se referiu ao fantasma de um "genocídio" para explicar sua decisão de ajudar milhares de cristãos e membros da minoria yazidi ameaçados de morte pelos jihadistas ultrarradicais do grupo Estado Islâmico (EI).
Segundo um funcionário americano de alto escalão, os Estados Unidos não se envolverão em uma "campanha prolongada". "Como comandante-em-chefe (das Forças Armadas), não permitirei que os Estados Unidos sejam arrastados para uma nova guerra no Iraque", garantiu Obama.
Apesar da promessa, já no primeiro dia dos ataques é impossível prever o rumo dos acontecimentos. "A pressão sempre vai aumentar para os Estados Unidos fazerem mais, porque eles já admitiram que há um problema lá", avalia o professor de História Julian Zelizer, da Universidade de Princeton.
"Nesse momento, não sabemos, mas é claramente previsível que sua promessa de que isso será limitado não vai se confirmar", acrescentou. As linhas traçadas pela Casa Branca - proteção dos americanos e ajuda aos civis encurralados - deixam uma margem suficientemente ampla para as interpretações, o que impedirá prever a amplitude e a duração dos bombardeios.
Os primeiros ataques realizados na quinta-feira tiveram como alvo uma peça de artilharia móvel do EI que havia sido usada para bombardear as forças curdas em Erbil. Segundo o Pentágono, tratava-se de uma ameaça ao pessoal americano na capital da região autônoma do Curdistão iraquiano.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse nesta sexta à imprensa que "o presidente não fixou uma data específica" para concluir os ataques aéreos no Iraque, mas ressaltou que "um conflito militar prolongado que inclua o envolvimento americano não está sobre a mesa".
Ao ser interrogado sobre as razões que levaram Obama a intervir no Iraque - depois de ter decidido não se envolver na Síria -, Earnest afirmou que as Forças Armadas americanas respondem a um pedido do governo iraquiano. "É uma grande diferença", alegou.
Pressão republicana
Frente ao desastre humanitário no terreno, a oposição republicana saudou o anúncio de ações militares pontuais. Ao mesmo tempo, os republicanos reivindicaram, quase por unanimidade, que se vá além. "Precisamos de um enfoque estratégico, não apenas humanitário", defenderam os senadores republicanos John McCain e Lindsey Graham.
Com a esperança de que Obama não fique no meio do caminho, eles pediram que sejam atacadas as tropas do EI e seus líderes - tanto no Iraque, quanto na Síria. "Nenhuma dessas ações deveria estar condicionada à formação de um novo governo em Bagdá", estimaram.
Para seus críticos, o avanço dos jihadistas mostra os limites da estratégia de retirada militar de Obama no Oriente Médio. O presidente americano é criticado, sobretudo, por não ter negociado um acordo para manter uma presença militar residual no Iraque, o que teria permitido - segundo eles - manter uma certa influência americana. A Casa Branca questiona a crença de que um pequeno contingente militar teria bastado para conter o tsunami extremista.
Entre sua vontade de não pôr as tropas americanas no centro do conflito e os inúmeros pedidos de que se envolva decididamente na luta contra os jihadistas, Obama se encontra em uma posição muito desconfortável.
"Sei que muitos de vocês estão, com razão, preocupados quando ouvem falar de uma ação militar no Iraque, ainda que seja limitada, como essa", afirmou ele na quinta à noite.
Em um passado recente, Obama se opôs com veemência à decisão de seu antecessor, W. Bush, de invadir o país, enquanto denunciava as "guerras estúpidas" e as "guerras impulsivas".
"Não há uma solução militar americana para a crise no Iraque", insistiu. Segundo Zelizer, o presidente americano, "um guerreiro reticente", intervém "de maneira vacilante" no Iraque. "As pessoas interpretam desse modo, e ele, de fato, não faz grande coisa para esconder isso", completou.
Aquele que, no final de 2011, comemorava ter deixado "um Estado soberano, estável", após quase nove anos de ocupação, torna-se o quarto presidente americano consecutivo a empreender uma ação militar no Iraque, depois de George H.W. Bush, Bill Clinton e George W. Bush.
Durante um pronunciamento na quinta-feira à noite na Casa Branca, o presidente americano se referiu ao fantasma de um "genocídio" para explicar sua decisão de ajudar milhares de cristãos e membros da minoria yazidi ameaçados de morte pelos jihadistas ultrarradicais do grupo Estado Islâmico (EI).
Segundo um funcionário americano de alto escalão, os Estados Unidos não se envolverão em uma "campanha prolongada". "Como comandante-em-chefe (das Forças Armadas), não permitirei que os Estados Unidos sejam arrastados para uma nova guerra no Iraque", garantiu Obama.
Apesar da promessa, já no primeiro dia dos ataques é impossível prever o rumo dos acontecimentos. "A pressão sempre vai aumentar para os Estados Unidos fazerem mais, porque eles já admitiram que há um problema lá", avalia o professor de História Julian Zelizer, da Universidade de Princeton.
"Nesse momento, não sabemos, mas é claramente previsível que sua promessa de que isso será limitado não vai se confirmar", acrescentou. As linhas traçadas pela Casa Branca - proteção dos americanos e ajuda aos civis encurralados - deixam uma margem suficientemente ampla para as interpretações, o que impedirá prever a amplitude e a duração dos bombardeios.
Os primeiros ataques realizados na quinta-feira tiveram como alvo uma peça de artilharia móvel do EI que havia sido usada para bombardear as forças curdas em Erbil. Segundo o Pentágono, tratava-se de uma ameaça ao pessoal americano na capital da região autônoma do Curdistão iraquiano.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse nesta sexta à imprensa que "o presidente não fixou uma data específica" para concluir os ataques aéreos no Iraque, mas ressaltou que "um conflito militar prolongado que inclua o envolvimento americano não está sobre a mesa".
Ao ser interrogado sobre as razões que levaram Obama a intervir no Iraque - depois de ter decidido não se envolver na Síria -, Earnest afirmou que as Forças Armadas americanas respondem a um pedido do governo iraquiano. "É uma grande diferença", alegou.
Pressão republicana
Frente ao desastre humanitário no terreno, a oposição republicana saudou o anúncio de ações militares pontuais. Ao mesmo tempo, os republicanos reivindicaram, quase por unanimidade, que se vá além. "Precisamos de um enfoque estratégico, não apenas humanitário", defenderam os senadores republicanos John McCain e Lindsey Graham.
Com a esperança de que Obama não fique no meio do caminho, eles pediram que sejam atacadas as tropas do EI e seus líderes - tanto no Iraque, quanto na Síria. "Nenhuma dessas ações deveria estar condicionada à formação de um novo governo em Bagdá", estimaram.
Para seus críticos, o avanço dos jihadistas mostra os limites da estratégia de retirada militar de Obama no Oriente Médio. O presidente americano é criticado, sobretudo, por não ter negociado um acordo para manter uma presença militar residual no Iraque, o que teria permitido - segundo eles - manter uma certa influência americana. A Casa Branca questiona a crença de que um pequeno contingente militar teria bastado para conter o tsunami extremista.
Entre sua vontade de não pôr as tropas americanas no centro do conflito e os inúmeros pedidos de que se envolva decididamente na luta contra os jihadistas, Obama se encontra em uma posição muito desconfortável.
"Sei que muitos de vocês estão, com razão, preocupados quando ouvem falar de uma ação militar no Iraque, ainda que seja limitada, como essa", afirmou ele na quinta à noite.
Em um passado recente, Obama se opôs com veemência à decisão de seu antecessor, W. Bush, de invadir o país, enquanto denunciava as "guerras estúpidas" e as "guerras impulsivas".
"Não há uma solução militar americana para a crise no Iraque", insistiu. Segundo Zelizer, o presidente americano, "um guerreiro reticente", intervém "de maneira vacilante" no Iraque. "As pessoas interpretam desse modo, e ele, de fato, não faz grande coisa para esconder isso", completou.