Agência France-Presse
postado em 10/08/2014 17:24
[SAIBAMAIS]Gaza - Israelenses e palestinos aceitaram neste domingo (10/8) uma nova trégua de 72 horas na Faixa de Gaza, a partir das 18h01 (horário de Brasília), respondendo positivamente à mediação do Egito. As duas partes chegaram a um "consenso simultâneo" sobre a trégua mediada pelo governo egípcio, anunciou uma autoridade palestino à AFP. "Israel aceitou a proposta egípcia de um cessar-fogo", disse uma fonte israelense mais tarde à AFP.O Ministério egípcio das Relações publicou um comunicado, no qual pedia a israelenses e palestinos que respeitassem uma trégua de 72 horas. "Levando-se em conta que continua a escalada na Faixa de Gaza e dada a necessidade de proteger o sangue dos inocentes, o Egito pede às duas partes, israelenses e palestinos, que se comprometam a respeitar um cessar-fogo de 72 horas efetivo, a partir da 00h01 do Cairo (18h01 de domingo em Brasília)", disse o comunicado egípcio.
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O Egito também convidou os dois lados "a trabalhar, durante esse tempo, para um cessar-fogo global e permanente", insistiu o Ministério egípcio das Relações Exteriores na nota. A guerra, que se arrasta há mais de um mês, já matou mais de duas mil pessoas, civis palestinos em sua maioria e, entre eles, centenas de mulheres e crianças.
Uma trégua anterior de 72 horas expirou na sexta de manhã, sem que as partes conseguissem um acordo sobre sua prolongação. Os palestinos voltaram, então, a lançar foguetes contra Israel, e a Força Aérea israelense, a bombardear a Faixa de Gaza. No domingo, enquanto continuavam as negociações, as bombas israelenses continuavam caindo sobre o território palestino.
Depois do anúncio do acordo, o dirigente do movimento palestino Hamas, Khaled Mechaal, declarou à AFP que qualquer trégua definitiva com Israel deve levar ao fim do bloqueio de Gaza. "A trégua é um dos meios, ou das táticas destinadas a fazer que as negociações deem resultado, ou para enviar ajuda humanitária", afirmou Mechaal.
O "objetivo que buscamos, indispensável para nós, é que as demandas palestinas sejam satisfeitas e que a Faixa de Gaza viva sem bloqueio", acrescentou. "Insistimos nesse objetivo e, em caso de dúvida de Israel e da continuação da agressão, o Hamas e as outras facções palestinas estão dispostos a resistir no terreno e no plano político", concluiu. Os termos precisos da trégua não foram divulgados.
Durante as negociações, ambas as partes apresentaram exigências aparentemente irreconciliáveis. Os delegados israelenses abandonaram o Cairo na sexta-feira, no fim de um cessar-fogo de 72 horas e diante do fracasso das discussões com os palestinos para estendê-lo. Israel acusou o Hamas de romper a trégua com novos lançamentos de projéteis. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reafirmou sua recusa a negociar "sob os disparos" contra seu território.
Já o Hamas responsabilizou Israel pela volta dos combates diante de sua recusa a qualquer concessão aos palestinos. Na Faixa de Gaza, os aparelhos israelenses atacaram cerca de 20 alvos na noite de sábado para domingo, informou o Exército. A Aviação bombardeou o território palestino pelo menos 160 vezes desde sexta-feira, enquanto cerca de 110 projéteis forma lançados da Faixa de Gaza. Desses, 80 atingiram Israel, segundo o Exército israelense.
Um adolescente palestino de 17 anos morreu neste domingo em um bombardeio israelense em Deir al-Balah, no centro do território - relataram socorristas locais. O Exército israelense disse ter eliminado um "conhecido agente terrorista". Mais quatro palestinos, entre eles um outro adolescente de 17 anos e uma mulher de 35, morreram no domingo. Ao leste da cidade de Gaza, dez corpos de pessoas mortas em ataques anteriores foram recuperados dos escombros de um prédio. Ao todo, 18 palestinos morreram desde sexta-feira, fim da trégua de três dias.
Na Cisjordânia, um garoto palestino de 11 anos morreu por disparos do Exército israelense no campo de refugiados de Al-Fawar, perto de Hebron, palco de recentes confrontos entre as tropas israelenses e manifestantes contra a ofensiva em Gaza - de acordo com fontes médicas e testemunhas consultadas pela AFP.
Lançada por Israel em 8 de julho para deter os disparos de foguetes e destruir a rede de túneis dos islâmicos, a Operação "Barreira Protetora" deixou 1.930 palestinos mortos, segundo os socorristas.
De acordo com a Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pelo menos 447 crianças e adolescentes estão entre os mortos. Do lado israelense, 64 soldados e três civis morreram na ofensiva até agora.