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Obama pede à polícia transparência sobre a morte de jovem negro nos EUA

O presidente americano ressaltou, por outro lado, que "não há justificativa" para recorrer à violência contra policiais

Agência France-Presse
postado em 14/08/2014 14:36
Martha;s Vineyard - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta quinta-feira calma e cautela à polícia depois da violência na cidade de Ferguson (Missouri, centro), onde um policial branco matou um jovem negro. A pequena cidade viveu na quarta-feira sua quinta noite de protestos pela morte de Michael Brown, de 18 anos, em um episódio que trouxe de volta à tona o sensível debate sobre racismo nos Estados Unidos.

Barack Obama advertiu a polícia para o
Obama considerou que a polícia tem "a responsabilidade de ser transparente" sobre o que realmente aconteceu no sábado à noite, quando Michael foi morto por um policial. "Agora é o momento de paz e calma nas ruas de Ferguson", disse Obama à imprensa, insistindo que "agora é o momento de um processo aberto e transparente para constatar que seja feita justiça".

Obama advertiu a polícia para o "uso excessivo da força contra manifestações pacíficas", mas ressaltou que "não há justificativa" para recorrer à violência contra policiais. Segundo a emissora CNN e outros veículos da imprensa local, policiais do Batalhão de Choque atiraram contra os manifestantes perto de um posto de combustíveis incendiado, onde o grupo havia se reunido. O confronto ocorreu na periferia dessa cidade que fica nos arredores de Saint Louis, a capital do estado.

Nas imagens, manifestantes correm em meio à fumaça provocada por gás lacrimogêneo. Segundo o jornal "St. Louis Post-Dispatch", a polícia também recorreu a bombas de efeito moral. Muitos policiais foram mobilizados no local, e os agentes, visivelmente tensos, estavam fortemente equipados. A foto de um franco-atirador de uniforme militar, que apontava para a multidão com um fuzil, de um veículo blindado, circulou pelas redes sociais - bastante ativas em favor dos manifestantes - para denunciar a violência.



Na quarta-feira, a polícia chegou a prender dois jornalistas - Wesley Lowery, repórter de política do jornal "The Washington Post", e Ryan Reilly, que trabalha para o "Huffington Post" -, mas ambos foram postos em liberdade sem acusações contra eles. A medida causou mal-estar e protesto por parte da imprensa americana. A tensão aumentou no último domingo, 10 de agosto, depois de uma cerimônia em memória do jovem, morto em circunstâncias ainda não esclarecidas.

As versões sobre a morte divergem. De acordo com uma testemunha, Brown estava desarmado e caminhava pela rua quando um policial atirou nele, apesar de a vítima estar dominada, com as mãos para o alto. Já a Polícia de St. Louis, capital do Missouri, indica que Brown foi morto depois de ter agredido o policial e de ter tentado roubar sua arma.

;Morte absurda;

O chefe da Polícia municipal, Tom Jackson, relatou que o oficial responsável pelos disparos contra Michael havia sido ferido no rosto, mas não deu detalhes. Por razões de segurança, a Polícia, que diz ter sido ameaçada, não quis divulgar o nome do autor dos disparos. Segundo a imprensa, o indivíduo está na corporação há seis anos.

Desde esse dia, a comunidade negra vem se mobilizando e as manifestações se repetem na cidade. Dos cerca de 20 mil habitantes, pelo menos 14 mil são de origem afro-americana, enquanto a polícia é de maioria branca. Na terça-feira, Obama já havia pedido calma e diálogo, lembrando que o FBI (a Polícia Federal americana) abriu uma investigação sobre o caso, em paralelo à da polícia local, para esclarecer o caso.

A morte de Brown "é, de novo, a morte absurda de uma pessoa de cor", declarou o advogado da família do jovem, Benjamin Crump. Crump lembrou de outro caso similar, ocorrido em 2012 no estado da Flórida, onde o adolescente negro Trayvon Martin foi morto pelo vigilante voluntário George Zimmerman. Em uma polêmica sentença, um júri absolveu Zimmerman, invocando uma polêmica lei da Flórida e considerando que o réu atirou em legítima defesa.

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