Agência France-Presse
postado em 14/08/2014 17:17
Lima - A cúpula das mudanças climáticas, que será realizada em Lima no mês de dezembro, enfrentará grandes obstáculos, mas resultará em um esboço para um acordo global em 2015 que permitirá reduzir as emissões de gases de efeito estufa, explicou à AFP o ministro peruano do Ambiente, Manuel Pulgar Vidal. As dificuldades de um acordo climático global passam por muitas arestas e estão relacionadas, segundo Pulgar, com o fato de que "o debate climático é muito mais que um tema ambiental: é um debate econômico, de pobreza e de tecnologia"."Sou otimista e o que se espera é que se possa obter um esboço de acordo que nos permita avançar com resultados concretos à COP de Paris", em dezembro de 2015, afirmou o ministro a respeito das metas da reunião em Lima. A COP20 de Lima deve estabelecer as bases para um acordo final na luta para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas e reduzir a emissão de gases de efeito estufa que causam danos ao planeta.
Faltando menos de 120 dias para o início da mais importante reunião sobre o desafios do aquecimento global, "há sinais políticos e econômicos bons de que se pode avançar para um esboço de cúpula", ressaltou Pulgar, cujo papel na presidência da COP será "agir com neutralidade e gerar confiança" entre os participantes. O desafio ambiental de longo prazo é alcançar o objetivo da ONU de limitar a 2; C o aumento da temperatura média mundial do planeta com relação aos níveis pré-industriais.
Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), o objetivo alcançado de um aquecimento de 2 graus Celsius com relação à época pré-industrial poderia representar um corte no crescimento econômico mundial de 0,2% a 2% do PIB global. Resolver este tema - que requer, entre outras medidas, a redução de emissões de CO2 - é um "desafio" e um "assunto político", afirmou a respeito o presidente peruano, Ollanta Humala, em um encontro com a chanceler alemã Angela Merkel na cidade de Bonn em 14 de julho, para preparar a COP20.
O presidente peruano pediu justiça na luta contra as mudanças climáticas, em que, segundo ele, não podem ser colocados no mesmo plano países industrializados e nações em desenvolvimento. O Peru, país anfitrião da cúpula a ser realizada entre 3 e 14 de dezembro, é um dos dez países de maior diversidade do planeta. O evento vai reunir chefes de Estado e de Governo, especialistas e 15 mil participantes de 195 países.
Depois do Brasil, o território peruano é coberto pela floresta amazônica mais extensa, a cadeia de montanhas tropical de maior superfície, 71% das coberturas de gelo tropicais, 84 das 104 zonas de vida identificadas no planeta e 27 dos 32 climas do mundo. No entanto, é um dos países onde são visíveis os efeitos das mudanças climáticas. Nos últimos 30 anos, sua superfície de gelo recuou 40% e estima-se que na década 2020-2030, as geleiras abaixo dos 5.000 metros de altitude terão desaparecido. Um novo acordo climático, juridicamente vinculante, deve ser o resultado da COP21, no final de 2015, mas "o que se aprovar em Paris não será exigido dos países até 2020, pois este foi o mandato de Durban", destacou Pulgar.