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Epidemia do Ebola coloca quatro países africanos em estado de emergência

A Guiné foi o último país a decretar "urgência sanitária nacional" por causa da febre hemorrágica

Agência France-Presse
postado em 14/08/2014 17:26
Freetown - Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria se encontravam em estado de emergência sanitária nesta quinta-feira (14/8) para tentar frear a propagação do vírus Ebola, em um momento em que a agência Moody;s advertiu que o custo econômico da epidemia pode ser "importante". Diante do avanço da febre hemorrágica, a Libéria, que recebeu doses de um soro experimental americano para tratar dois médicos, começou a fazer obras para ampliar o único centro de tratamento da capital.

Comboio de soldados da ONU passa por rua onde foi colocada uma placa de alerta do ebola, em Abidjan, na Costa do Marfim
"Temos de ampliar este local porque a cada dia chega mais gente", declarou à AFP Nathaniel Dovillie, que dirige esse centro. Além do centro de Monróvia, a Libéria só tem outro centro em Foya, na província de Lofa, uma das três regiões do país postas em quarentena. O vice-ministro liberiano da Saúde, Tolbert Nyensuah, confirmou à AFP que o país recebeu o soro experimental americano ZMapp.

Este soro, que teve resultados positivos em dois americanos contaminados no país, mas que não conseguiu salvar um padre espanhol morto na terça-feira após ser repatriado para Madri, será administrado unicamente em dois médicos liberianos. Na última terça-feira, 12 de agosto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) autorizou tratamentos experimentais desse tipo.

Medo dos clientes

Um dos quatro países do oeste africano afetado pela epidemia de Ebola, a Guiné foi o último a decretar, na noite de quarta-feira, "urgência sanitária nacional" por causa dessa febre hemorrágica, que já matou mais de mil pessoas. Em consequência desta urgência, implanta-se "um cordão sanitário, mantido pelos agentes de saúde e pelos serviços de segurança e de defesa em todos os pontos fronteiriços de acesso à Guiné", ficam restritos os movimentos de pessoas e se reforçam os controles sanitários em diferentes pontos de passagem.



[SAIBAMAIS]Também se proíbe transportar cadáveres "de uma localidade para outra até o fim da epidemia" e se decreta a tomada de amostras e a hospitalização sistemática "em todos os casos suspeitos" até contar com os resultados dos exames. Em Conacri, a vendedora de roupa usada Kadet Diawara considerou que o presidente guineano fez bem em decretar o estado de emergência sanitária. No entanto, "temo que seja tarde demais", acrescentou. "Agora temos medo até dos nossos clientes", admitiu.

O caminhoneiro Alfa Baldé também lamentou "a reação muito tardia do governo" guineano. "O mundo inteiro sofre agora dessa epidemia por culpa da Guiné", afirmou. Segundo o último balanço da doença, divulgado na quarta-feira, 1.069 pessoas morreram e somam-se 1.975 casos (confirmados, suspeitos e prováveis), sobretudo em Guiné, Serra Leoa e Libéria, enquanto na Nigéria foram constatados por enquanto três mortos.

No âmbito econômico, segundo a agência classificadora de risco Moody;s, "a epidemia pode ter um efeito financeiro direto nos orçamentos do governo, por meio de um aumento dos gastos de saúde que pode ser importante". A Libéria, onde mais de 300 pessoas morreram, gastou US$ 12 milhões para combater o Ebola entre abril e junho, e a expectativa é de queda no crescimento econômico do país. Segundo a Moody;s, em Serra Leoa não será possível repetir "o índice de crescimento recorde de 16% em 2013".

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