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Armênia e Azerbaijão ensaiam retomada de conflito interrompido há decadas

Como no passado, o Kremlin tira proveito intervindo como mediador

postado em 17/08/2014 08:00
Como no passado, o Kremlin tira proveito intervindo como mediador

Há 20 anos, uma guerra castigava o sul do Cáucaso. Armênia e Azerbaijão, então repúblicas da União Soviética (URSS), travavam um duro confronto pelo enclave de Nagorno-Karabakh, quando um cessar-fogo mediado pela Rússia foi assinado, em 1994. Entre 20 mil e 30 mil pessoas morreram e cerca de 1 milhão saíram de casa em busca de abrigo. O acordo acalmou os ânimos, mas o conflito permanece latente. Nas últimas semanas, representantes dos dois países trocaram acusações sobre ataques, e uma nova escalada parecia a caminho. Relatos sobre o total de mortos são divergentes e de confiança questionável, mas estimativas indicam que ao menos 30 pessoas morreram no enclave neste mês, o mais violento desde o fim da guerra.

Confrontos pontuais romperam no passado o cessar-fogo em Nagorno-Karabakh, mas o número elevado de vítimas e o momento delicado vivido na Ucrânia, outra ex-república soviética, despertam questionamentos sobre quem poderia se beneficiar com uma crise. ;Como os próprios países, ninguém na comunidade internacional está interessado na volta da guerra. Mas, ao mesmo tempo, certos círculos em Baku (Azerbaijão), em Yerevan (Armênia) e também em Moscou parecem preferir um certo nível de instabilidade;, observa Siegfried W;ber, membro do grupo para o Cáucaso do Conciliation Resources, ONG que atua na região. ;Dessa forma, Moscou mantém influência política de ambos lados, além de ganhar somas consideráveis com a venda de armas para os dois lados, enquanto oficialmente é um mediador.;

Contrariando teorias de que o Ocidente poderia ter interesses em um novo conflito às portas da Rússia, o copresidente do Carnegie Center Moscou, Alexey Malashenko, explica que essa pode ser uma oportunidade interessante para Putin provar suas habilidades diplomáticas. ;Se a Rússia conseguir avanços em direção à paz, pode ajudar a restaurar sua reputação internacional;, destaca. Em artigo para o Carnegie Center, Malashenko ressaltou que Moscou tem se esforçado para manter uma relação favorável com os demais países que formavam a URSS. Parceiro estratégico, a Armênia deve integrar a união aduaneria eurasiática, encabeçada pela Rússia. Já o Azerbaijão, que tem vasta reserva de gás natural, é membro potencial do bloco e um aliado importante no equilíbrio das relações com a Europa ; enquanto, caso se afaste, poderia se fortalecer como concorrente no fornecimento de energia ao mercado europeu.

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