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Manifestantes ignoram toque de recolher nos EUA após confrontos em Ferguson

A declaração das medidas de emergência aconteceu depois de confrontos entre policiais e manifestantes, revoltados com a divulgação de um boletim policial

Agência France-Presse
postado em 17/08/2014 09:45
Ferguson - Cerca de 200 manifestantes não respeitaram o toque de recolher decretado durante a madrugada deste domingo, e sete foram detidos em Ferguson, palco há dias de distúrbios que se seguiram à morte a tiros de um jovem negro desarmado pelas mãos de um policial.

Manifestantes ignoram toque de recolher e saem às ruas para protestar

O governador do Missouri, Jay Nixon, havia justificado o toque de recolher a partir de meia-noite "para proteger as pessoas e a propriedade de Ferguson" e para dar vez à justiça a fim de esclarecer as circunstâncias da morte de Michael Brown.

Pouco tempo depois do início da medida, cerca de 200 personas se reuniram na região em que Brown foi assassinado em 9 de agosto e se negaram a dispersar-se, segundo a imprensa local.

[SAIBAMAIS]

A polícia usou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes, sem o registro de violência.

Antonio French, um político local presente na manifestação, escreveu em seu Twitter: "Posso dizer em primeira mão que algumas das pessoas reunidas esta noite estavam armadas e prontas para brigar".

Sete pessoas que se recusaram a deixar o local foram detidas, segundo Ron Johnson, o novo chefe da polícia, encarregado de manter a ordem depois que agentes locais, acusados de abusos, foram substituídos.

No sábado, durante uma agitada coletiva de imprensa, capitão Ron Johnson afirmou que o toque de recolher começaria à noite e duraria de meia-noite às 5H00 locais (07H00 de Brasília).

A declaração das medidas de emergência aconteceu depois de confrontos entre policiais e manifestantes, revoltados com a divulgação de um boletim policial. O texto sugeria que Michel Brown, morto em 9 de agosto, era um ladrão.

;Denegrir; a memória do jovem

A família do jovem disse estar "escandalizada" com essa versão da polícia, destinada, segundo ela, a "responsabilizar a vítima e a desviar a atenção".

O reverendo e ativista pelos direitos civis e ex-candidato à presidência pelo Partido Democrata Al Sharpton questionou o boletim, acusando a polícia de querer justificar o assassinato. Sharpton questionou se o informe policial equivale a dizer que a autoridade "tem o poder de denegrir alguém e matá-lo por três, ou quatro, cigarros".

"Dormir não é uma opção, governador Nixon. Pedimos justiça", lançou no sábado uma das pessoas que assistia à coletiva de imprensa. "Governador, você precisa culpabilizar a polícia por este crime", exigiu outra.

Um homem que falava em nome de dois grupos ultrarradicais preto, o New Black Panther Party - sem nenhuma ligação com os defensores da causa negra Black Panthers - e o Nation of Islam, considerou, por sua vez, que o toque de recolher causaria "confronto com a polícia", e propôs chamar entre 100 e 150 homens para que a situação "não se deteriore".

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A polícia local e federal (FBI) - da qual cerca de 40 agentes foram enviados para Ferguson - lançaram várias investigações sobre o assassinato.

De acordo com uma testemunha, Michael Brown ia visitar sua avó e estava desarmado. Caminhava pela rua quando um policial o interceptou e atirou apesar de o jovem estar com as mãos para cima. Segundo a polícia, Brown foi baleado após agredir um policial e tentar roubar sua arma.

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