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Opositor paquistanês Imran Khan convoca simpatizantes para expulsar Sharif

Se o governo não responder ao ultimato, "o povo decidirá e eu não sei o responsável", ameaçou Ul Qadri

Agência France-Presse
postado em 17/08/2014 14:48
Islamabad - O opositor paquistanês Imran Khan pôs todas as cartas na mesa neste domingo, ao convocar à desobediência civil seus milhares de simpatizantes concentrados em Islamabad para expulsar do poder do primeiro-ministro, Nawaz Sharif.

Imran Khan, ex-astro do críquete com ares de galã transformado em político, e Tahir ul Qadri, líder político-religioso moderado radicado há anos no Canadá, tinham prometido um "tsunami" de um milhão de manifestantes em sua marcha rumo à capital.

Os dois opositores, que saíram na quinta-feira de Lahore (leste) à frente de uma carreata, chegaram na noite de sexta-feira à capital, onde milhares de partidários continuavam concentrado neste domingo.

[SAIBAMAIS]

"Só há uma saída: lançar uma campanha de desobediência civil a partir de hoje", disse Khan aos seus partidários, reunidos a ceca de um quilômetro da sede governamental.

Esta chocante declaração do carismático Khan faz temer a ocorrência de distúrbios na noite de domingo na capital, aonde foram mobilizados 30.000 policiais e membros das forças paramilitares, segundo o Ministério do Interior.

Os resultados das eleições legislativas de maio de 2013 estão na raiz da crise atual entre o poder e os dois opositores.

O Partido da Justiça (PTI), de Imran Khan, que chegou à terceira posição no pleito, denuncia fraudes maciças durante as eleições que levaram Nawaz Sharif ao comando de um governo majoritário.

Tahir ul Qadri vai além e exige a dissolução não só do Parlamento, mas também das assembleias estaduais, inclusive a da província de Khyber Pakhtunkhwa (noroeste), ironicamente liderada pelo PTI de Imran Khan.

O clérigo de dupla nacionalidade paquistanesa e canadense também acusa o premiê Nawaz Sharif e seu irmão, Shahbaz, ministro-chefe da província de Penjab, de responsabilidade nos confrontos que deixaram pelo menos dez mortos entre seus partidários em junho.

Se o governo não responder ao ultimato, "o povo decidirá e eu não sei o responsável", ameaçou Ul Qadri.

Inicialmente, o governo se opôs a esta manifestação, bloqueou os pontos de entrada na capital e inclusive pôs em prisão domiciliar Ul Qadri, mas voltou atrás em seguida.

Funcionários das embaixadas e da ONU estão confinados por medo de que as manifestações provoquem distúrbios.

O premiê Sharif deveria reunir seu círculo próximo na tarde deste domingo em sua mansão de Lahore para avaliar o passo seguinte a dar para apaziguar a situação na capital, segundo fontes próximas.

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"Ainda não necessárias 12 ou 14 horas para solucionar (esta crise) sem grandes mudanças, mas a longo prazo, tudo isto não vai parar, este tipo de convulsões é normal em um país com muitas frustrações", destacou o analista político Mosharraf Zaidi.

Desde a sua independência, em 1947, o Paquistão viveu três golpes de Estado similares e o equilíbrio entre o poder civil e o exército continua sendo frágil e fonte de especulações constantes.

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