postado em 18/08/2014 08:58
O percurso colombiano rumo à pacificação segue tortuoso. Não bastassem as demonstrações de violência atribuídas por Bogotá às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o novo Congresso ; instalado pelo presidente do país, Juan Manuel Santos, para transformar em lei um possível acordo de paz ; chega ao momento mais delicado. O debate sobre a reparação às vítimas constitui ponto crucial no processo para encerrar um conflito que já dura meio século. No entanto, Rodrigo Londoño (o Timochenko), líder máximo da guerrilha esquerdista, descartou a possibilidade de um acerto ainda neste ano. ;Eu temo que não. Todos querem que a coisa ocorra o mais cedo possível, mas isso não exclui uma visão objetiva da situação;, afirmou o chefe do grupo armado. ;É fácil concluir que os prazos não serão cumpridos este ano;, acrescentou.A partir de quinta-feira, uma comissão terá quatro meses para elaborar os parâmetros base para indenizar as vítimas ; o quarto dos seis itens da agenda de diálogo entre a guerrilha e o governo. ;Devemos ter em conta, ainda, que os temas do abandono das armas e do cessar-fogo bilateral não serão simples;, lembrou o líder das Farc. ;Insistimos na necessidade de se estabelecer um cessar-fogo bilateral, algo que Santos rejeita;, concluiu Timochenko. Apesar do imbróglio no debate com Bogotá, as Farc propuseram, na última quarta-feira, a criação de um ;fundo especial; para compensar as vítimas do conflito. ;Esse assunto é muito importante, porque vai nos dar as chaves para abrirmos o caminho à reconciliação da família colombiana;, defendeu Iván Márquez, o número dois das Farc, na abertura do 27; ciclo de diálogos com o governo, realizados em Cuba.
Para Juan Gabriel Albarello, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Nacional da Colômbia, ainda pairam muitas dúvidas sobre a capacidado governo de fazer avançar as propostas. ;A regra que foi acertada em Havana é a de que nada está acordado até que tudo esteja acordado. Qualquer acordo está sujeito a revisões;, afirmou ao Correio. ;De qualquer modo, mesmo que nada do que foi concordado seja alterado, vamos ter que percorrer um longo caminho até a implementação;, conclui Albarello. O presidente Santos vai precisar lidar com um Congresso dividido: dos 102 senadores e 163 deputados, ele conta com o apoio de 140 parlamentares. Há ainda a ferrenha oposição do ex-presidente Álvaro Uribe, hoje senador e defensor de uma ;guerra total; contra as Farc.
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