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Kiev acusa separatistas pró-Rússia de disparar foguetes contra refugiados

Os cidadãos tentavam sair de Slaviansk por um corredor humanitário quando foram alvejados

postado em 18/08/2014 17:28
Ban Ki-moon taxou de

O governo de Kiev acusou nesta segunda-feira (18/8) os separatistas pró-Moscou de disparar foguetes contra refugiados perto da cidade de Slaviansk, no leste da Ucrânia. De acordo com um porta-voz militar da ex-república soviética, a agressão teria deixado um saldo de "vários mortos, incluindo mulheres e crianças". Cinco horas antes do incidente, os chanceleres da Rússia, da Ucrânia, da Alemanha e da França deliberavam em Berlim sobre uma possível saída para crise, sem, no entanto, chegarem a um consenso. "Confirmamos nossa posição: um cessar-fogo deve acontecer sem condições. Mas, lamentavelmente, os ucranianos continuam impondo condições, que são bastante vagas, como a de garantir a impermeabilidade da fronteira", criticou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, após a reunião com os colegas europeus.

Segundo a agência de notícias France-Presse, os cidadãos tentavam sair de Slaviansk por um corredor humanitário quando foram alvejados. "Os separatistas atiraram contra uma coluna de refugiados na estrada entre Jriashtsuvat e Novosvitlivka, com Grads e morteiros fornecidos pela Rússia", denunciou Andreii Lysenko, porta-voz militar da Ucrânia. "Muitos civis morreram, incluindo mulheres e crianças", acrescentou Lysenko, que não soube precisar o número de vítimas. Estima-se que 1,8 mil pessoas deixaram a região em 2 dias. Durante toda a madrugada de ontem, o governo ucraniano manteve o cerco sobre os redutos separatistas. Os rebeldes pró-Rússia, por sua vez, negaram participação no ataque contra os civis. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, taxou de "perturbadores" os relatórios que indicam a agressão dos insurgentes. Dois funcionários da entidade são esperados em Kiev ainda esta semana.

Malogro no diálogo

Os chanceleres europeus não chegaram a um acordo sobre uma trégua no leste da ex-república soviética. Para o ministro Lavrov, o encontro não culminou no progresso do diálogo visando o fim do conflito uncraniano. "Ainda não conseguimos resultados positivos, sobretudo para um cessar-fogo ou uma solução política", declarou Lavrov, citado por agências de notícias russas. Moscou pede a suspensão das agressões para que um comboio humanitário, bloqueado por Kiev na fronteira, possa chegar aos moradores das zonas afetadas pelos combates. O colega ucraniano, Pavlo Klimkin, todavia, mostrou mais otimismo em suas declarações após a reunião. "Sentimos o apoio de nossos sócios alemão e francês", comemorou o ministro em sua conta no Twitter.

Lavrov também revelou o afã russo de entregar drones (aviões não tripulados) aos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) para fiscalizar a fronteira e o espaço aéreo ucranianos. "Apoiamos esta ideia", insistiu o chefe da pasta. Por outro lado, em Riga, capital da Letônia, a chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu a manutenção dos embargos à Rússia, pior cerco econômico contra o país desde a Guerra Fria. "Se não fizermos nada e permitirmos uma escalada da situação, não será uma situação desejável", alertou Merkel, durante um coletiva de imprensa com a primeira-ministra letã Laimdota Straujuma. Desde abril, o sudeste ucraniano tem sido cenário de combates entre as Forças de Segurança de Kiev e insurgentes separatistas pró-russos. O Ocidente acusa a Rússia de armar e financiar os rebeldes da região.

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