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Obama pede esforço conjunto para acabar com 'câncer' do terror jihadista

"É preciso haver um esforço conjunto para extirpar esse câncer, para que ele não se espalhe. Deve haver uma rejeição clara a este tipo de ideologias niilistas", disse Obama

Agência France-Presse
postado em 20/08/2014 14:50
Para Obama, a organização não é porta-voz de nenhuma religião verdadeira, e ameaça tanto muçulmanos quanto não muçulmanos

O presidente americano, Barack Obama, pediu nesta quarta-feira um esforço conjunto para eliminar o "câncer" do terror jihadista do Iraque e da Síria, depois que militantes do Estado Islâmico (EI) assassinaram um jornalista americano.

Obama declarou que o mundo inteiro ficou chocado com a decapitação do jornalista James Foley, de 40 anos, que foi filmada e divulgada na internet por combatentes do EI.

"É preciso haver um esforço conjunto para extirpar esse câncer, para que ele não se espalhe. Deve haver uma rejeição clara a este tipo de ideologias niilistas", disse Obama.

"Uma coisa com a qual todos podemos concordar é que um grupo como o EIIL não tem lugar no século XXI", declarou, citando a sigla utilizada anteriormente pelo grupo, que se identificava como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).

Ele afirmou que a organização não é porta-voz de nenhuma religião verdadeira, e ameaça tanto muçulmanos quanto não muçulmanos. "Suas vítimas são em sua maioria muçulmanas e nenhuma fé ensina as pessoas a massacrar inocentes. Nenhum Deus justo apoiaria o que eles fizeram ontem e o que eles fazem todos os dias", disse Obama.

O presidente declarou ter conversado com os pais de Foley, um jornalista freelancer que trabalhava para o GlobalPost, para a AFP e para outros meios de comunicação antes de ser sequestrado, há dois anos, e "disse a eles que todos estão com o coração partido por sua perda". A aviação americana realizou 14 ataques nas últimas 24 horas contra militantes do Estado Islâmico perto da maior represa do Iraque.

Aviões não tripulados e caças americanos destruíram ou provocaram danos em seis veículos Humvees, três depósitos de explosivos, um morteiro e dois veículos armados, anunciou o Comando Central (US Central Command). Os ataques tinham como objetivo "manter a expansão" do controle curdo e iraquiano da área.

"Esses ataques foram realizados com autorização para dar apoio às forças de segurança iraquianas e às forças de defesa curdas em operações, para proteger a estrutura vital aos funcionários americanos e para apoiar os esforços humanitários", acrescentou.

A declaração foi emitida depois que o Estado Islâmico, que ocupa grande parte do leste da Síria e do norte do Iraque, divulgou um vídeo que mostra a decapitação de Foley, que tinha sido sequestrado na Síria em 2012. As imagens mostravam outro jornalista americano, Steven Sotloff, que seria executado se Obama não suspendesse os ataques aéreos, ameaçou o EI.

O Pentágono planeja enviar "pouco menos de 300" soldados americanos ao Iraque a pedido do Departamento de Estado, para a proteção das instalações diplomáticas, aumentando para cerca de 1.150 o número de soldados e assessores militares que Washington mantém mobilizados no Iraque.

Redes sociais retiram vídeos

A decapitação foi divulgada em fotos e vídeos na internet, mas nesta terça sites como o Twitter e o YouTube anunciaram que tinham sido apagados. O YouTube indicou ter removido o vídeo em conformidade com sua política de que "qualquer conteúdo destinado a chocar, fazer sensacionalismo ou desrespeitoso" seja retirado de seu site.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que o jihadista que decapitou Foley é muito provavelmente britânico e prometeu que fará o máximo para impedir que voluntários saiam do Reino Unido para se juntar ao Estado Islâmico na Síria e no Iraque.

"Não identificamos o responsável, mas pelo que vimos, é cada vez mais provável que se trate de um cidadão britânico", disse Cameron.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou categoricamente o assassinato, classificando o ato de "crime abominável".

Em uma mensagem e Facebook, a mãe de Foley, Diane, afirmou: "Nunca estivemos mais orgulhosos de nosso filho Jim. Deu sua vida para tentar mostrar ao mundo o sofrimento do povo sírio".

"Declaração de guerra aos EUA"

De acordo com Michael Morell, ex-agente da CIA, este assassinato é o "primeiro ataque terrorista" do EI contra os Estados Unidos. O senador republicano Marco Rubio disse que o EI "declarou guerra" aos Estados Unidos.

Na frente de batalha, ao norte e a oeste de Bagdá, as forças iraquianas apoiadas por milícias xiitas e tribos sunitas, além dos peshmergas (combatentes curdos), consolidavam suas posições depois de terem expulsado os jihadistas, mas nesta quarta não registravam avanços.



Essas forças tentam recuperar a cidade de Tikrit dos jihadistas, mas têm dificuldade em penetrar. A região era o reduto do ditador derrubado Saddam Hussein.

A retomada da represa de Mossul, a maior do Iraque, foi até agora a principal vitória sobre o EI.

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