Agência France-Presse
postado em 21/08/2014 09:30
Banbgcoc - O chefe da junta militar que chegou ao poder na Tailândia por um golpe de Estado em maio foi designado primeiro-ministro nesta quinta-feira (21/8) por uma assembleia não eleita dominada pelos militares.
Um total de 191 membros da Assembleia Nacional votaram a favor do general Prayut Chan-O-Cha, único aspirante ao cargo, e foram registradas três abstenções, em uma votação rápida divulgada pela televisão.
"O general Prayut é eleito primeiro-ministro", comemorou Pornpetch Wichitcholchai, presidente desta assembleia cujos membros foram nomeados pelos militares, que reduziram de forma notável as liberdades cívicas desde a deposição do último governo civil eleito, no dia 22 de maio.
Esta eleição do homem forte da junta deve ser submetida rapidamente à aprovação do rei da Tailândia, Bhumibol, de 86 anos, que praticamente não aparece em público.
"Realizou um golpe de Estado. Deve assumir a responsabilidade de resolver todos os problemas sozinho. Como primeiro-ministro irá dispor de todos os poderes", havia declarado sob o anonimato à AFP um funcionário da junta, na véspera desta eleição.
O general Prayut, que se dirige ao país todas as semanas em uma grande missa televisionada chamada "Dar a felicidade ao povo", não ocultava suas ambições há semanas.
Com terno e gravata em vez de uniforme, nesta segunda-feira (18/8) deu a impressão de ostentar o cargo de primeiro-ministro quando apresentou os orçamentos de 2015 diante da mesma Assembleia Nacional.
[SAIBAMAIS]A chegada deste homem de linha dura como primeiro-ministro ocorre num momento chave, já que Prayut deveria se retirar como chefe do Exército de terra em setembro de 2014.
Os militares advertiram que a junta será mantida em paralelo ao governo e qualquer eleição será adiada até o fim de 2015, no mínimo.
O exército explicou que assumiu o poder para acabar com sete meses de manifestações mortíferas contra o governo de Yingluck Shinawatra, irmã do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra.
Alguns acusam a junta de ter utilizado a situação para acabar com a influência de Thaksin, deposto pelo golpe anterior de 2006 e que apesar de seu exílio continua sendo uma figura que divide.
As elites tradicionais, incluindo as forças armadas, o consideram uma ameaça para o reino, segundo os especialistas.