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Merkel defende integridade territorial da Ucrânia durante visita a Kiev

'Não podemos descartar refletir sobre novas sanções se não observarmos progressos', disse Merkel sobre a busca de uma saída para crise no leste do país

Agência France-Presse
postado em 23/08/2014 17:38
Em Kiev, a viagem de Merkel é interpretada como um gesto de apoio, sobretudo porque acontece na véspera do feriado nacional da independência da Ucrânia

Kiev
- A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu neste sábado (23/8) a integridade territorial da Ucrânia e advertiu para a possibilidade de novas sanções contra a Rússia, durante uma visita altamente simbólica a Kiev, em plena escalada da tensão no leste separatista pró-Rússia.

"O significado de minha visita é demonstrar que a integridade territorial da Ucrânia é crucial", disse em uma entrevista coletiva conjunta com o presidente ucraniano, Petro Poroshenko.

"Não podemos descartar refletir sobre novas sanções se não observarmos progressos", disse Merkel sobre a busca de uma saída para crise no leste do país, onde as forças ucranianas lutam contra os separatistas pró-Rússia.

Entre os dois lados beligerantes é necessário um "cessar-fogo bilateral e um controle efetivo da fronteira" entre Rússia e Ucrânia, completou.

Em Kiev, a viagem de Merkel, a líder ocidental mais influente a visitar o governo ucraniano pró-Ocidente desde o início da crise, é interpretada como um gesto de apoio, sobretudo porque acontece na véspera do feriado nacional da independência da Ucrânia.



Ao ser questionada sobre a Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em março, Merkel chamou a medida de "ilegal" e destacou que se a Europa considerasse as ações legítimas, toda a integridade territorial do continente estaria ameaçada.

A visita acontece em meio às condenações internacionais à entrada na Ucrânia de um comboio de quase 300 caminhões russos com ajuda humanitária para a população do reduto separatista de Lugansk.

Todos os caminhões do comboio humanitário russo com ajuda para os territórios controlados pelos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia retornaram para a Rússia neste sábado, anunciou a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

Depois de uma semana de espera, Moscou ordenou na sexta-feira a entrada na Ucrânia do comboio com a ajuda humanitária, sem a permissão das autoridades ucranianas nem a verificação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Segundo os observadores da OSCE, 227 veículos atravessaram a fronteira em seis grupos.

O comboio transportava, segundo o Kremlin, 1.800 toneladas de alimentos, água, medicamentos e geradores de energia elétrica.

Os veículos descarregaram a ajuda em Lugansk na sexta-feira à noite, informou a televisão pública, mas a distribuição ainda não teve início.

Paz com respeito à soberania

"A visita de Angela Merkel a Kiev na véspera do Dia da Independência ucraniana e durante o conflito armado no qual a Rússia está envolvida é um sinal de apoio", afirma Vassyl Filiptchuk, analista político independente.

Para alguns analistas, Merkel deseja convencer a Ucrânia a fazer concessões para ajudar Vladimir Putin a salvar as aparências e evitar mais sanções contra Moscou, que começam a pesar sobre a economia alemã.

A visita antecede uma reunião regional na terça-feira em Minsk, capital de Belarus, que deve ter as presenças de Vladimir Putin e Petro Poroshenko, além de dirigentes da União Europeia.

"Ucrânia e União Europeia atuam de maneira coordenada, assim será em 26 de agosto em Minsk", disse Poroshenko.

O presidente ucraniano declarou que não sacrificará a soberania do país em troca da paz no leste da Ucrânia, onde o conflito deixou mais de 2.000 mortos em quatro meses, além de 400.000 deslocados.

Merkel e Poroshenko anunciaram a criação em breve de um fundo especial de 500 milhões de euros para a reconstrução da infraestrutura de Donbas, a bacia de mineração do leste da Ucrânia devastada pelo conflito entre insurgentes pró-Rússia e as forças governamentais.

Seis civis mortos em Donetsk

Seis civis, incluindo três membros da mesma família, morreram neste sábado em um bombardeio no leste da cidade ucraniana de Donetsk, reduto dos separatistas pró-russos.

Nesta cidade que contava com um milhão de habitantes antes do conflito, os barulhos das bombas não pararam durante todo o dia. Durante a tarde, os combates eram intensos e uma fumaça negra e espessa podia ser vista sobre o bairro de Kalininski, no leste da cidade.

Vários morteiros atingiram um conjunto residencial nessa área.

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