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Egito propõe novo cessar-fogo em Gaza e fim do bloqueio ao território

Palestinos, incluindo o movimento Hamas que controla o território, estão dispostos a aceitar os termos da trégua, caso Israel aceite

Agência France-Presse
postado em 25/08/2014 08:43
Gaza - A diplomacia egípcia se esforçava nesta segunda-feira (25/8) para fazer Israel e o Hamas entrarem em acordo sobre uma trégua em Gaza, onde as hostilidades prosseguiam com quatro mortos em novos ataques aéreos israelenses. O Cairo, vizinho e mediador habitual, propôs um novo cessar-fogo em Gaza para deter uma guerra que em 49 dias deixou mais de 2.100 mortos do lado palestino, 70% deles civis, segundo a ONU, e 68 do lado israelense, sendo 64 soldados.

Palestinos se reúnem em torno dos restos de um edifício que, segundo testemunhas, foi atingido por um ataque aéreo israelense, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza
"A ideia é um cessar-fogo temporário que autorize a abertura de postos fronteiriços, permitindo a entrada de ajuda humanitária e de material de reconstrução. Os pontos litigiosos serão abordados em um mês", disse uma fonte palestina à AFP. "Estamos dispostos a aceitar, mas esperamos a resposta israelense à proposta", acrescentou a fonte, que pediu o anonimato.

Segundo outro funcionário palestino, os egípcios podem convidar ambas as partes a retomar as negociações em 48 horas. "Estão sendo feitos esforços para alcançar um acordo", confirmou à AFP um porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abu Zuhri. Daud Shihab, porta-voz da Jihad Islâmica, a segunda força de Gaza e participante nas negociações indiretas com Israel, advertiu que "o êxito dos contatos dependerá se as exigências palestinas serão ou não levadas em conta".

[SAIBAMAIS]Mark Regev, porta-voz do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, não quis fazer comentários e limitou-se a repetir a posição de que Israel não negociará enquanto prosseguirem os disparos de foguetes palestinos. Há semanas, o Egito atua como mediador em busca de uma paz duradoura entre Israel e o movimento islamita palestino Hamas. O último cessar-fogo entrou em vigor no dia 11 de agosto e foi respeitado durante nove dias. Neste período de tempo, os egípcios tentaram convencer os dois lados a aceitar uma trégua prolongada.



Mas as negociações, indiretas (já que Israel nega-se a se sentar na mesma mesa que os delegados do Hamas), esbarraram em exigências até agora irreconciliáveis: as garantias de segurança dos israelenses e o fim do bloqueio israelense por parte dos palestinos. Israelenses e palestinos retomaram as hostilidades no dia 19 de agosto, os primeiros com uma chuva de ataques aéreos, os segundos com foguetes e morteiros. Desde então 104 palestinos e um israelense morreram.

Nesta segunda-feira quatro palestinos morreram em Gaza, entre eles uma mãe e seu filho de três anos, em dois ataques israelenses, segundo fontes médicas. Em Beit Furik, no norte da Cisjordânia, um adolescente palestino baleado na sexta-feira por soldados israelenses durante uma manifestação em solidariedade a Gaza faleceu nesta segunda-feira. De acordo com a ONU, ao menos 20 palestinos morreram na Cisjordânia desde o início da campanha israelense em Gaza, no dia 8 de julho.

Um início de curso incerto

O exército israelense indicou nesta segunda-feira que bombardeou ao menos 16 alvos e que 39 foguetes foram lançados a partir da Faixa de Gaza contra o território israelense, sem deixar vítimas. Segundo testemunhas, os aviões israelenses destruíram duas mesquitas, uma em Beit Hanun, no norte do enclave, e a outra na cidade de Gaza. No domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que a campanha "Barreira Protetora" seguirá "até que seu objetivo tenha sido alcançado, o que pode levar um tempo".

Segundo ele, Israel pode prosseguir com as operações após o início do ano escolar, na próxima segunda-feira. O detalhe é importante, já que a opinião pública teme que as crianças do sul de Israel retomem as aulas sob a ameaça dos foguetes de Gaza. Em Gaza, meio milhão de crianças palestinas não voltaram às aulas no domingo, como estava previsto, devido à guerra, segundo várias organizações humanitárias.

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