Agência France-Presse
postado em 28/08/2014 11:36
Damasco - Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) executaram em 24 horas mais de 160 soldados sírios no norte do país, e para conter os extremistas que avançam na Síria e no Iraque, a França propôs nesta quinta-feira uma ampla aliança internacional.
Os soldados sírios foram executados na província de Raqa, no norte da Síria, enquanto os jihadistas também prosseguiam com sua ofensiva contra um grupo de xiitas na localidade iraquiana de Amerli.
Esta notícia chega num momento em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estuda possíveis ataques aéreos contra posições do EI na Síria e está cada vez mais perto de autorizar uma missão de ajuda para os xiitas encurralados.
Seu colega francês François Hollande se somou nesta quinta-feira à crescente preocupação ante o avanço dos jihadistas extremistas no Iraque, principalmente depois da execução do jornalista americano James Foley.
"Dezenas de soldados sírios, capturados quando fugiam para Esraya, na província de Hama, após a tomada pelo EI de sua base aérea de Tabqa, foram executados pelos jihadistas na madrugada desta quinta-feira", relatou à AFP o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahmane.
Segundo ele, 1.400 soldados defendiam a base de Tabqa, conquistada no domingo pelo EI. Durante os combates, cerca de 200 soldados morreram, enquanto cerca de 700 conseguiram alcançar as áreas controladas pelo regime.
Dos 500 restantes, além daqueles capturados e executados, alguns ainda lutam perto da base da Tabqa e outros estão escondidos, informou.
Líderes do EI mortos
Contas jihadistas nas redes sociais postaram um vídeo, que não pôde ser autenticado, que mostra jovens de cueca andando descalços por uma estrada no deserto ladeados por jihadistas armados, um dos quais carrega a bandeira do EI. Essas contas evocam a execução dos 200 prisioneiros.
Além disso, caças sírios mataram vários líderes do EI que estavam reunidos na cidade de Mohassan, perto de Deir Ezzor (leste), informou o OSDH.
"Vários chefes do EI, religiosos e militares, foram mortos em um ataque das forças do regime em uma casa onde estavam reunidos", disse Rami Abdel Rahman.
Paralelamente, intensos combates entre o exército sírio e os rebeldes foram registrados nesta quinta-feira em Jobar, um bairro estratégico do leste de Damasco, segundo habitantes locais. Colunas de fumaça eram visíveis.
Frente à ascensão dos jihadistas na região, o presidente francês François Hollande pediu à comunidade internacional para preparar uma resposta "humanitária e militar", mas recusou qualquer cooperação com o regime de Bashar al-Assad.
"Uma ampla coalizão é necessária, mas que as coisas sejam claras: Bashar al-Assad não pode ser um parceiro na luta contra o terrorismo", declarou Hollande, em um discurso anual aos embaixadores franceses.
Poços petrolíferos incendiados
Desde o início da crise na Síria, em 2011, o Ocidente e alguns países árabes do Golfo, que apoiam a oposição síria moderada, tanto contra as forças do regime e as dos jihadistas.
O EI, surgido na Síria aproveitando-se da guerra civil entre os rebeldes e o regime, proclamou no final de junho um "califado" nas áreas controladas na Síria e no Iraque, que se estendem por um território tão grande como o Reino Unido.
Em sua luta contra os jihadistas, o regime de Damasco declarou recentemente estar disposto a cooperar com Washington, que já realiza desde 8 de agosto ataques aéreos contra o EI no norte do Iraque.
Mas a Casa Branca descartou qualquer coordenação com Damasco, apesar de o presidente Barack Obama dar o sinal verde para missões de reconhecimento sobre o território sírio.
No Iraque, para diminuir a pressão sobre Amerli, uma cidade majoritariamente turcomana xiita e cercada há dois meses pelos jihadistas, os Estados Unidos consideram uma intervenção, que poderia ser desde o lançamento de ajuda humanitária e ataques aéreos contras os insurgentes, segundo um alto funcionário do Pentágono, que pediu anonimato.
Localizada 160 km ao norte de Bagdá, a cidade está cercada por combatentes do EI desde junho, quando o grupo lançou uma ofensiva conquistando extensas faixas de território ao norte, oeste e leste de Bagdá.
O Iraque reuniu na quarta-feira tropas em vista de uma operação para romper o cerco da cidade, onde os moradores dizem que seus recursos estão diminuindo e que a eletricidade foi cortada.
Mais ao norte, os jihadistas atearam fogo nesta quinta-feira em um campo de petróleo que controlavam, antes de bater em retirada, enquanto as forças curdas atacavam a mesma área, de acordo com autoridades locais.