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Após cessar-fogo, ajuda humanitária e produtos de consumo entram em Gaza

Israelenses e palestinos encerraram na terça-feira (26/8) à noite a guerra, a terceira em seis anos em Gaza

Agência France-Presse
postado em 28/08/2014 11:58
Homem palestino caminha ao lado de um caminhão carregado com colchões após entrar em Gaza

Gaza -
Ajuda humanitária e produtos de consumo começaram a entrar nesta quinta-feira na Faixa de Gaza, território palestino devastado por 50 dias de uma guerra violenta, onde a população aguarda, após o cessar-fogo, uma flexibilização do bloqueio imposto por Israel.

[SAIBAMAIS]Israelenses e palestinos encerraram na terça-feira à noite a guerra, a terceira em seis anos em Gaza, após um acordo de cessar-fogo por tempo indefinido. Desde então, os moradores de Gaza tentam retornar à normalidade em um território destruído pelos bombardeios.

Desde 8 de julho, início das hostilidades, mais de 2.140 palestinos morreram na estreita faixa de terra localizada entre Israel, Egito e o mar Mediterrâneo. Onze mil pessoas ficaram feridas.

As perdas materiais foram gigantescas também. Quase 500.000 moradores - 25% da população - deixaram suas casas em consequência da guerra e muitos perderam as residências. No total, 55.000 casas foram atingidas pelos bombardeios israelenses e 17.200 foram total ou quase totalmente destruídas, segundo a ONU.

Crianças palestinas olham para fora da janela de uma casa, que segundo testemunhas foi seriamente danificada durante um período de sete semanas de ofensiva israelense

Quase 100.000 pessoas precisam de ajuda urgente de moradia, de acordo com as Nações Unidas. O bloqueio que asfixia a economia do território impede a entrada de muitos materiais de construção. Israel veta a passagem de produtos que podem ser usados na fabricação de armas, especialmente foguetes, ou na construção de túneis utilizados para atacar o Estado hebreu.

Mas depois do acordo que permitiu o cessar-fogo, obtido com a mediação do Egito, Israel se comprometeu a flexibilizar o bloqueio econômico a Gaza.

Israel deve suspender as restrições impostas aos pescadores de Gaza, de maneira concreta a limitação de navegar a três milhas náuticas para ampliar a faixa a seis milhas (11 km) e posteriormente a 12 milhas.

Israel indicou ainda uma flexibilização das restrições à entrada de bens e autorizou o trânsito da ajuda humanitária e de alguns materiais de construção pelas passagens de Erez e Kerem Shalom.

Nesta quinta-feira em Kerem Shalom era possível observar uma longa fila de caminhões, a maioria com mercadorias para as lojas de Gaza. Outros tinham a sigla da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) e transportavam ajuda humanitária. Mas nenhum material de construção entrava no local.

Os israelenses controlam todas as passagens de fronteira de Gaza, com exceção de Rafah, que liga o território com o Egito. Na quarta-feira, pela primeira vez desde 2007, um comboio de ajuda humanitária do PAM (Programa Mundial de Alimentos) atravessou a fronteira egípcia e entrou na Faixa de Gaza, com alimentos suficientes para 150.000 pessoas durante cinco dias.

Mais de 200 toneladas de ajuda humanitária da Arábia Saudita, de Omã e da Turquia também entraram por Rafah na Faixa de Gaza. Após o início do cessar-fogo, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez advertências.



"O Hamas foi duramente golpeado e não obteve nenhuma de suas demandas para assinar o cessar-fogo. Não vamos tolerar nenhum lançamento de foguete contra Israel e nossa resposta será ainda mais dura".

O líder do movimento islâmico palestino Hamas, Khaled Meshaal, por sua vez, rejeitou qualquer tentativa de desarmar seus combatentes na Faixa de Gaza. "As armas da resistência são sagradas. E nós não vamos aceitar que sejam colocadas na agenda" de discussões das próximas negociações previstas pelo acordo de cessar-fogo em Gaza, disse Meshaal durante uma coletiva de imprensa em Doha (Qatar), onde vive no exílio.

"Esta questão não pode ser objeto de barganha ou negociação. Ninguém pode desarmar o Hamas e sua resistência", acrescentou, desafiando o Netanyahu, que faz do desarmamento do movimento islâmico um pré-requisito para qualquer acordo de longo prazo.

A maioria dos israelenses acredita que nem Israel nem o Hamas venceram a guerra na Faixa de Gaza.

Para 54% dos israelenses, nenhuma parte saiu vitoriosa do conflito, contra 26% que apontam a vitória de Israel e 16% que citam o Hamas, segundo uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira.

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