Agência France-Presse
postado em 30/08/2014 13:58
MASERU - O primeiro-ministro do Lesoto, Thomas Thabane, afirmou neste sábado (30/8) que fugiu de seu país para escapar de um golpe de Estado militar, embora o exército tenha negado tentar derrubar o governo deste reino montanhoso do sul da África.
"Fui deposto, não pelo povo, mas pelas forças armadas, e isso é ilegal", declarou Thabane à BBC. "Cheguei à África do Sul nesta manhã e não irei embora enquanto minha vida estiver em perigo", acrescentou.
O exército tomou o controle do quartel-general da polícia e da residência do primeiro-ministro na capital, Maseru, na manhã deste sábado, antes de se retirar ao meio-dia, disse o ministro dos Esportes, Thesele Maseribane.
"O chefe (militar) disse que me procurava, que procurava o primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro para nos levar perante o rei. Em nosso país, isso significa um golpe de Estado", explicou o também chefe do Partido Nacional de Basoto (BNP).
No entanto, o porta-voz do exército, o comandante Ntele Ntoi, negou as acusações, ao afirmar que apenas desarmou a polícia, antes de retornar aos quartéis.
"Não houve nem nunca haverá um golpe em Lesoto realizado pelos militares", disse o porta-voz à rede sul-africana ANN7.
"O exército se lançou em uma operação para desarmar a polícia que, segundo informações recolhidas por seus serviços, se preparava para armar alguns partidos políticos em Lesoto", afirmou o porta-voz.
Membros armados das forças de segurança dirigiam carros da polícia na capital durante a tarde, constatou a AFP.
Frágil coalizão
O Lesoto, formado em grande parte por altas colinas, é um país muito pobre de dois milhões de habitantes, membro da Commonwealth, que fornece ao seu grande vizinho sul-africano água e eletricidade produzida em suas montanhas.
A África do Sul advertiu neste sábado que não tolerará o aparente golpe de Estado, enquanto a Commonwealth convocou os militares a devolver o poder ao governo.
O reino, que conta apenas com fronteiras com a África do Sul, é governado por uma frágil coalizão desde 2012, formada pelo All Basotho Convention (ABC) de Thabane, pelo Congresso de Lesoto para a Democracia (LCD) e pelo BNP.
"Desde as últimas eleições, a coalizão tinha problemas para trabalhar e o primeiro-ministro era muito criticado por seu autoritarismo", comentou uma fonte diplomática ocidental.
Maseribane acusou o vice-primeiro-ministro Mothetjoa Metsing, líder do LCD, de estar envolvido na tentativa de tomada de poder, embora um assessor de Metsing tenha afirmado à AFP que ele estava fora de Maseru em um enterro e não estava ciente do ocorrido.
Em junho, o primeiro-ministro suspendeu o Parlamento, com o aval do rei Letsie III, para evitar uma eventual moção de censura de seu sócio governamental, LCD, com outros partidos.
A violência é recorrente na história política recente do país, que conquistou sua independência do Reino Unido em 1966.
Em 1986, o regime segregacionista sul-africano apoiou um golpe de Estado para evitar que se convertesse em base de militantes anti-apartheid.
Em 1997, o exército invadiu o quartel-general da polícia em Maseru para colocar fim a um motim.
No ano seguinte, depois de violentos distúrbios relacionados às eleições, África do Sul e Botsuana lançaram uma operação armada que devastou parte da capital.
"Fui deposto, não pelo povo, mas pelas forças armadas, e isso é ilegal", declarou Thabane à BBC. "Cheguei à África do Sul nesta manhã e não irei embora enquanto minha vida estiver em perigo", acrescentou.
O exército tomou o controle do quartel-general da polícia e da residência do primeiro-ministro na capital, Maseru, na manhã deste sábado, antes de se retirar ao meio-dia, disse o ministro dos Esportes, Thesele Maseribane.
"O chefe (militar) disse que me procurava, que procurava o primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro para nos levar perante o rei. Em nosso país, isso significa um golpe de Estado", explicou o também chefe do Partido Nacional de Basoto (BNP).
No entanto, o porta-voz do exército, o comandante Ntele Ntoi, negou as acusações, ao afirmar que apenas desarmou a polícia, antes de retornar aos quartéis.
"Não houve nem nunca haverá um golpe em Lesoto realizado pelos militares", disse o porta-voz à rede sul-africana ANN7.
"O exército se lançou em uma operação para desarmar a polícia que, segundo informações recolhidas por seus serviços, se preparava para armar alguns partidos políticos em Lesoto", afirmou o porta-voz.
Membros armados das forças de segurança dirigiam carros da polícia na capital durante a tarde, constatou a AFP.
Frágil coalizão
O Lesoto, formado em grande parte por altas colinas, é um país muito pobre de dois milhões de habitantes, membro da Commonwealth, que fornece ao seu grande vizinho sul-africano água e eletricidade produzida em suas montanhas.
A África do Sul advertiu neste sábado que não tolerará o aparente golpe de Estado, enquanto a Commonwealth convocou os militares a devolver o poder ao governo.
O reino, que conta apenas com fronteiras com a África do Sul, é governado por uma frágil coalizão desde 2012, formada pelo All Basotho Convention (ABC) de Thabane, pelo Congresso de Lesoto para a Democracia (LCD) e pelo BNP.
"Desde as últimas eleições, a coalizão tinha problemas para trabalhar e o primeiro-ministro era muito criticado por seu autoritarismo", comentou uma fonte diplomática ocidental.
Maseribane acusou o vice-primeiro-ministro Mothetjoa Metsing, líder do LCD, de estar envolvido na tentativa de tomada de poder, embora um assessor de Metsing tenha afirmado à AFP que ele estava fora de Maseru em um enterro e não estava ciente do ocorrido.
Em junho, o primeiro-ministro suspendeu o Parlamento, com o aval do rei Letsie III, para evitar uma eventual moção de censura de seu sócio governamental, LCD, com outros partidos.
A violência é recorrente na história política recente do país, que conquistou sua independência do Reino Unido em 1966.
Em 1986, o regime segregacionista sul-africano apoiou um golpe de Estado para evitar que se convertesse em base de militantes anti-apartheid.
Em 1997, o exército invadiu o quartel-general da polícia em Maseru para colocar fim a um motim.
No ano seguinte, depois de violentos distúrbios relacionados às eleições, África do Sul e Botsuana lançaram uma operação armada que devastou parte da capital.