Agência France-Presse
postado em 31/08/2014 13:54
Mariupol - O presidente russo, Vladimir Putin, mencionou neste domingo pela primeira vez a possibilidade de que as regiões separatistas do leste da Ucrânia obtenham uma categoria de Estado, cujo termo não definiu, apesar das pressões dos ocidentais. "Devemos iniciar imediatamente negociações substanciais (...) sobre questões de organização política da sociedade e sobre a categoria de Estado do sudeste da Ucrânia com o objetivo de proteger os interesses legítimos de seus habitantes", disse Putin, citado pelas agências de notícias russas, em um programa de televisão no leste do país.
[SAIBAMAIS] Putin não esclareceu o termo de categoria de Estado, mas seu porta-voz, Dimitri Peskov, minimizou neste domingo estas declarações, ao considerar que não se tratava de dar o status de Estado às regiões rebeldes, mas que a Ucrânia deveria "levar em conta os interesses da Novorossia". Na sexta-feira Putin já havia elogiado os avanços dos separatistas pró-russos em uma mensagem destinada aos "insurgentes da Novorossia", a Nova Rússia, a mesma palavra que utilizou para anexar a Crimeia em março ao se referir às regiões de língua russa do leste e sul da Ucrânia.
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A Rússia até agora havia exigido que a Ucrânia concedesse maiores direitos às regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, sob um sistema federal descentralizado. Na entrevista gravada na sexta-feira, Putin não mencionou a ameaça de novas sanções contra Moscou por parte dos ocidentais.
Os líderes da União Europeia, reunidos no sábado de urgência em Bruxelas, exigiram que a Rússia retire todas as suas forças militares da Ucrânia e disseram estar dispostos a tomar medidas maiores.
Putin também responsabilizou os ocidentais pelo conflito na Ucrânia, acusando-os de ter apoiado um golpe em fevereiro contra o então presidente ucraniano, Viktor Yanukovytch, pró-Kremlin. "Deveriam saber que a Rússia não pode ficar à margem quando atiram nas pessoas quase à queima-roupa", declarou Putin, acrescentando que não tinha em mente "o Estado russo, mas os russos".
Ucrânia e Rússia se aproximam de uma guerra
Moscou sempre negou ter enviado soldados à Ucrânia para apoiar a rebelião pró-russa que combate as tropas ucranianas no Leste há quase cinco meses, em um conflito que deixou quase 2.600 mortos. A crise ucraniana provocou a pior deterioração das relações entre a Rússia e as potências ocidentais desde o fim da Guerra Fria.
A tensão voltou a disparar nesta semana após a revelação por fontes concordantes de incursões das tropas russas na Ucrânia, mais de mil soldados, segundo a Otan.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, advertiu no sábado em Bruxelas que a Ucrânia e a Rússia estavam se aproximando de um caminho sem volta. "E este caminho sem volta é uma guerra em grande escala", ressaltou, após o importante avanço dos rebeldes nos últimos dias até as cidades estratégicas da costa sul da região separatista de Donetsk.
Sinal do envolvimento do exército russo no conflito, a Ucrânia capturou há uma semana dez paraquedistas russos que trocou neste domingo por 63 soldados ucranianos.
Mariupol se prepara para a guerra
Em terra, os insurgentes retomaram a iniciativa nos últimos dias e dizem preparar uma nova ofensiva contra as forças governamentais no leste da Ucrânia, dirigida particularmente ao porto estratégico de Mariupol. A localidade, situada quase 100 km ao sul de Donetsk, une pela costa a fronteira russa à península da Crimeia, anexada pela Rússia em março. "Entraremos (em Mariupol) em um futuro próximo", advertiu o primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk (DNR), Alexander Zajarchenko.
Na Casa de Cultura e da Juventude de Mariupol, militantes favoráveis à Ucrânia organizaram neste domingo uma reunião "para ensinar aos habitantes as ações que devem ser adotadas em caso de bombardeio da cidade, como quando se esconder ou onde se refugiar", explicou Denis Gavrilov, da associação Mariupol Unida, antes de mostrar um filme.
Nos campos ao redor de Mariupol, em direção às posições separatistas no leste, um jornalista da AFP viu combatentes ucranianos, mas não observou blindados ou material. Em uma das estradas que levam à cidade foram instalados blocos de concreto e trincheiras para evitar uma eventual incursão de tanques dos separatistas pró-russos.
[SAIBAMAIS] Putin não esclareceu o termo de categoria de Estado, mas seu porta-voz, Dimitri Peskov, minimizou neste domingo estas declarações, ao considerar que não se tratava de dar o status de Estado às regiões rebeldes, mas que a Ucrânia deveria "levar em conta os interesses da Novorossia". Na sexta-feira Putin já havia elogiado os avanços dos separatistas pró-russos em uma mensagem destinada aos "insurgentes da Novorossia", a Nova Rússia, a mesma palavra que utilizou para anexar a Crimeia em março ao se referir às regiões de língua russa do leste e sul da Ucrânia.
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A Rússia até agora havia exigido que a Ucrânia concedesse maiores direitos às regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, sob um sistema federal descentralizado. Na entrevista gravada na sexta-feira, Putin não mencionou a ameaça de novas sanções contra Moscou por parte dos ocidentais.
Os líderes da União Europeia, reunidos no sábado de urgência em Bruxelas, exigiram que a Rússia retire todas as suas forças militares da Ucrânia e disseram estar dispostos a tomar medidas maiores.
Putin também responsabilizou os ocidentais pelo conflito na Ucrânia, acusando-os de ter apoiado um golpe em fevereiro contra o então presidente ucraniano, Viktor Yanukovytch, pró-Kremlin. "Deveriam saber que a Rússia não pode ficar à margem quando atiram nas pessoas quase à queima-roupa", declarou Putin, acrescentando que não tinha em mente "o Estado russo, mas os russos".
Ucrânia e Rússia se aproximam de uma guerra
Moscou sempre negou ter enviado soldados à Ucrânia para apoiar a rebelião pró-russa que combate as tropas ucranianas no Leste há quase cinco meses, em um conflito que deixou quase 2.600 mortos. A crise ucraniana provocou a pior deterioração das relações entre a Rússia e as potências ocidentais desde o fim da Guerra Fria.
A tensão voltou a disparar nesta semana após a revelação por fontes concordantes de incursões das tropas russas na Ucrânia, mais de mil soldados, segundo a Otan.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, advertiu no sábado em Bruxelas que a Ucrânia e a Rússia estavam se aproximando de um caminho sem volta. "E este caminho sem volta é uma guerra em grande escala", ressaltou, após o importante avanço dos rebeldes nos últimos dias até as cidades estratégicas da costa sul da região separatista de Donetsk.
Sinal do envolvimento do exército russo no conflito, a Ucrânia capturou há uma semana dez paraquedistas russos que trocou neste domingo por 63 soldados ucranianos.
Mariupol se prepara para a guerra
Em terra, os insurgentes retomaram a iniciativa nos últimos dias e dizem preparar uma nova ofensiva contra as forças governamentais no leste da Ucrânia, dirigida particularmente ao porto estratégico de Mariupol. A localidade, situada quase 100 km ao sul de Donetsk, une pela costa a fronteira russa à península da Crimeia, anexada pela Rússia em março. "Entraremos (em Mariupol) em um futuro próximo", advertiu o primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk (DNR), Alexander Zajarchenko.
Na Casa de Cultura e da Juventude de Mariupol, militantes favoráveis à Ucrânia organizaram neste domingo uma reunião "para ensinar aos habitantes as ações que devem ser adotadas em caso de bombardeio da cidade, como quando se esconder ou onde se refugiar", explicou Denis Gavrilov, da associação Mariupol Unida, antes de mostrar um filme.
Nos campos ao redor de Mariupol, em direção às posições separatistas no leste, um jornalista da AFP viu combatentes ucranianos, mas não observou blindados ou material. Em uma das estradas que levam à cidade foram instalados blocos de concreto e trincheiras para evitar uma eventual incursão de tanques dos separatistas pró-russos.