Madri - A promotoria britânica anunciou nesta terça-feira (2/9) que iniciou os trâmites para retirar a ordem de prisão que pesa sobre os pais de Ashya King, o menino britânico que sofre um tumor cerebral e que saiu do hospital sem permissão médica.
"Estamos em processo de comunicar esta decisão às autoridades da Espanha" (onde os pais estão detidos e o menino de cinco anos hospitalizado) para que possam se reunir com seu filho tão logo seja possível", declarou em um comunicado. "Não serão adotadas medidas contra o senhor e a senhora King", garantiu o Serviço de Promotoria (CPS).
Os pais deverão comparecer na quarta-feira (3/9) perante o juiz Ismael Moreno.
Segundo a promotoria, "a prisão não teria sido proporcional, com base em relatórios médicos do hospital de Málaga, que perceberam a preocupação dos pais com a criança, e que querem o melhor para ele". A promotoria considera que "não houve abandono infantil ou negligência por parte dos pais".
A audiência com o juiz Ismael Moreno está programada para as 11h00 (6H00 de Brasília) para decidir a situação de Brett King, de 51 anos, e Naghemeh King, de 45.
Depois da detenção no sábado no sul da Espanha, os pais de Ashya compareceram na segunda-feira (2/9) a uma audiência com o juiz Moreno.
Ambos não aceitaram ser entregues às autoridades britânicas, que haviam alertado a Interpol sobre sua fuga, afirmando temer pela vida de Ashya King, de cinco anos, operado recentemente e que depende de uma sonda nasogástrica para alimentação.
Após a audiência de segunda-feira (1/9), o magistrado decidiu prolongar a detenção por no máximo 72 horas.
O juiz solicitou um relatório médico urgente ao hospital de Málaga, onde a criança está internada sob vigilância policial desde a detenção dos pais.
Os pais de pequeno britânico o tiraram na quinta-feira (4/9) de um hospital em Southampton (sul da Inglaterra), descontentes com o tratamento administrado e com o objetivo de levá-lo para a República Tcheca, onde receberia um tratamento menos agressivo do que a radioterapia e que não está disponível no sistema público de saúde britânico. Mas ao chegarem na Espanha, onde tentariam vender uma propriedade para custear o tratamento, foram detidos a pedido das autoridades britânicas.
Embora inicialmente o caso tenha sido registrado como um sequestro que colocava em risco a vida da criança, a opinião pública britânica logo voltou-se contra o que considerou um excesso de zelo policial e médico, e até mesmo o primeiro-ministro David Cameron expressou simpatia para com os pais.
"Fico feliz em saber que a ordem de prisão contra os pais de Ashya King foi retirada. É importante que a criança receba tratamento e o amor de sua família", escreveu Cameron no Twitter após saber da decisão da promotoria.
Polícia questiona hospital de Southampton
A polícia, muito criticada pela prisão, também saudou a decisão da promotoria e, implicitamente, acusou o hospital de Southampton onde Ashya estava internado.
A promotoria "tomou a decisão correta ao retirar a ordem de detenção europeia", declarou Simon Hayes, comissário geral da polícia do condado de Hampshire, onde o caso teve início.
"É uma situação muito complexa e compreendo o motivo que levou a polícia de Hampshire a tomar as medidas que tomou e emitir o mandado de prisão", argumentou. No entanto, "tenho que ter certeza sobre a qualidade do hospital de Southampton".
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A polícia disse na quinta-feira (4/9) que a criança estaria em perigo se não recebesse atendimento médico diário e se a bateria da sonda que o alimenta se esgotasse.
Mas o pai do menino publicou um vídeo no sábado em que aparece com a criança e explica que temia que as autoridades tirassem a custódia pelas divergências e discussões com os médicos.
Seu irmão também divulgou um vídeo no qual detalha todas as precauções tomadas para a viagem do pequeno.