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Pai diz que tratamento na Inglaterra transformaria Ashya King em 'vegetal'

Os pais da criança o tiraram na quinta-feira de um hospital em Southampton, descontentes com o tratamento que o menino recebia e com o objetivo de levá-lo para a República Tcheca

Agência France-Presse
postado em 03/09/2014 09:07
Madri - O tratamento previsto no Reino Unido para o menino Ashya King de seu câncer cerebral o teria transformado num "vegetal", afirmou nesta quarta-feira o pai, Brett King, explicando os motivos que levaram a família a deixar o país sem autorização médica. "Os médicos sabiam que íamos embora, mas não queriam nos ajudar em nada", afirmou o pai em Sevilha, durante uma escala em sua viagem para Málaga, onde o filho está hospitalizado desde que os pais foram detidos no sábado em virtude de uma ordem emitida pela polícia britânica.

Pais de Ashya King dão coletiva de imprensa na capital andaluza de Sevilha, na Espanha
King atendeu a imprensa no escritório de seu advogado para apresentar sua versão do rocambolesco caso que agora parece ter chegado a seu fim. "Vim para cá, para a Espanha, para vender uma casa e pagar o tratamento particular para meu filho", afirmou. "Os médicos na Inglaterra disseram que não iam arcar com o tratamento, mas sabiam que eu pagaria quando tivesse vendido minha casa", enfatizou.

"A polícia não sabia disso e nos perseguiu, nos prendeu e disse que éramos criminosos, quando apenas tínhamos o interesse de nosso filho e seu bem-estar na cabeça", lamentou ainda. "Estamos agora muito melhor que antes, a caminho de ajudar nosso filho", prosseguiu, depois de agradecer ao primeiro-ministro David Cameron pelo apoio para que saíssem da prisão.

[SAIBAMAIS]"Não passamos um só minuto na prisão sem morrer de vontade de ver Ashya. Minha mulher chorava o tempo todo em sua cela. Eu ia pedir para mudar de cela porque estava preocupado e a ouvia chorar sem poder fazer nada", contou King. A justiça espanhola ordenou na noite de terça-feira a libertação imediata dos pais de Ashya King, anúncio feito após a decisão da justiça britânica de retirar o mandado de prisão contra o casal, preso no sábado no sul da Espanha para onde levou filho de 5 anos para tratar de seu tumor cerebral.

Desta forma, Brett King, de 51 anos, e Naghemeh King, de 45, puderam deixar a prisão de Soto del Real, em Madri. A promotoria britânica decidiu arquivar o processo para que o casal pudesse se reunir com seu filho no hospital em Málaga (sul da Espanha). "Ficou provado que o senhor e a senhora King tomaram precauções para proteger a saúde de Ashya", acrescentou a promotoria, garantindo que não irá tomar novas medidas contra o casal.



Os pais de pequeno britânico o tiraram na quinta-feira de um hospital em Southampton (sul da Inglaterra), descontentes com o tratamento que o jovem recebia e com o objetivo de levá-lo para a República Tcheca, onde teria acesso a uma terapia menos agressiva do que a radioterapia. Mas ao chegarem na Espanha, onde tentariam vender uma propriedade para custear o tratamento, os pais de Ashya King foram detidos a pedido das autoridades britânicas.

Depois da detenção ocorrida no sábado no sul da Espanha, os pais de Ashya compareceram na segunda-feira a uma audiência. Ambos não aceitaram ser entregues às autoridades britânicas, que haviam alertado a Interpol sobre sua fuga, afirmando temer pela vida de Ashya King, operado recentemente e que depende de uma sonda nasogástrica para sua alimentação.

Falta de informação

Embora inicialmente o caso tenha sido registrado como um sequestro que colocava em risco a vida da criança, a opinião pública britânica logo voltou-se contra o que considerou um excesso de zelo policial e médico, e até mesmo o primeiro-ministro David Cameron expressou apoio aos pais. "Fico feliz em saber que a ordem de prisão contra os pais de Ashya King foi retirada. É importante que a criança receba tratamento e o amor de sua família", escreveu Cameron no Twitter após saber da decisão da promotoria.

A polícia, muito criticada, também saudou a decisão da promotoria e, implicitamente, acusou o hospital de Southampton onde Ashya estava internado. A promotoria "tomou a decisão correta ao retirar a ordem de detenção europeia", declarou Simon Hayes, comissário-geral da polícia do condado de Hampshire, onde o caso teve início.

A polícia disse na quinta-feira que a criança estaria em perigo se não recebesse atendimento médico diário e se a bateria da sonda que o alimenta se esgotasse. Mas o irmão de Ashya, Naveed, divulgou um vídeo no qual detalha todas as precauções tomadas para a viagem da criança. "A vida da criança não esteve em perigo em momento algum. O pai sabe controlar perfeitamente a máquina que o alimenta", afirmou seu advogado espanhol, Juan Isidro Fernández Díaz.

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