Agência France-Presse
postado em 03/09/2014 12:36
O presidente Barack Obama afirmou nesta quarta-feira (3/9) que os Estados Unidos não se deixarão intimidar pelos jihadistas do Estado Islâmico (EI) após a decapitação de um segundo jornalista americano, Steven Sotloff.
Por sua vez, a Grã-Bretanha, na linha de frente com um refém britânico que corre o risco de ser a próxima vítima, analisa a possibilidade de se unir aos Estados Unidos em seus ataques aéreos contra o EI no norte do Iraque.
Poucas horas após a divulgação do vídeo da decapitação de Sotloff, considerado autêntico pela Casa Branca, o governo dos Estados Unidos anunciou o envio de mais 350 soldados ao Iraque.
Desde 8 de agosto, Washington realiza uma ofensiva aérea contra os jihadistas no Iraque. Os soldados se unem aos 470 oficiais mobilizados desde 9 de junho, quando começou a ofensiva jihadista no Iraque.
O EI cumpriu a ameaça de executar Sotloff, que havia sido anunciada há duas semanas em outro vídeo, no qual o grupo jihadista divulgou a decapitação de outro jornalista americano, James Foley.
[SAIBAMAIS]No vídeo divulgado na terça-feira, o EI, que proclamou a criação de um califado nas regiões que conquistou nos últimos meses no Iraque e Síria, ameaçou matar um terceiro refém, o britânico David Cawthorne Haines, o que provocou indignação dos ocidentais e da ONU.
"Esses atos terríveis não fazem mais do que unir nosso países e reforçar nossa determinação a combater esses terroristas", declarou Obama em Tallinn, na Estônia, antes da reunião de cúpula da Otan em Gales na quinta-feira e sexta-feira.
Após reconhecer na semana passada que ainda não tinha uma estratégia para combater os jihadistas, Obama alertou que "os que comentem o erro de provocar dano aos americanos aprenderão que não esquecemos, nosso alcance é longo e faremos justiça".
"Não nos deixaremos intimidar", completou, apesar de reconhecer que a luta contra o EI, que atua no Iraque e Síria, "levará tempo".
Selvageria medieval
Ao mesmo tempo, Washington prossegue com a ofensiva aérea que permitiu às forças iraquianas e curdas retomar dos jihadistas várias áreas ao norte de Bagdá, incluindo a cidade de Amerli, cercada durante dois meses pelo EI.
A Casa Branca também informou que terá uma reunião com os aliados da Otan para "desenvolver uma coalizão internacional para estabelecer uma estratégia" e que continuará apoiando o Iraque na luta contra o Estado Islâmico.
O secretário de Estado americano, John Kerry, deve viajar ao Oriente Médio após a cúpula da Otan para examinar os meios de estabelecer esta coalizão. Ele assegurou que os Estados Unidos punirão os autores desta "selvageria medieval".
Como sobre o vídeo do assassinato de Foley, os ocidentais condenaram a decapitação de Sotloff. O primeiro-ministro britânico David Cameron, que chamou o vídeo da decapitação de Sotloff de "repugnante", reuniu o governo para uma reunião de emergência.
Segundo o ministro britânico das Relações Exteriores, Londres analisa "todas as opções disponíveis" para proteger o refém britânico. "Se consideramos que os bombardeios podem ser benéficos, que seriam o melhor modo (de proteger o refém), então certamente o faremos, mas não há nenhuma decisão por enquanto", indicou.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também expressou sua consternação, enquanto o presidente francês François Hollande denunciou um "ato bárbaro".
No vídeo, com o título "Segunda mensagem aos Estados Unidos", Sotloff, de 31 anos, que provavelmente foi sequestrado na Síria em agosto de 2013, fala olhando para a câmera e diz ser vítima da decisão de Obama de realizar ataques aéreos contra os jihadistas no Iraque.
O carrasco, com o rosto encapuzado e que fala com sotaque britânico, aponta depois outro refém, o britânico David Cawthorne Haines, e ameaça executá-lo.
O vídeo é muito similar ao divulgado em 19 de agosto, que mostrava a decapitação de James Foley, de 40 anos, sequestrado na Síria em 2012.
Sotloff trabalhava para os jornais Time e World Affairs. A família afirmou por meio de um porta-voz que estava "a par da tragédia horrível e chorava a morte na intimidade".
Soldados iraquianos desaparecidos
Em Bagdá, o Parlamento celebra nesta quarta-feira uma sessão de emergência para debater a questão dos quase 1.7000 soldados desaparecidos desde que se renderam ao EI em junho.
Na Síria, uma equipe de negociadores da ONU chegou nesta quarta-feira às Colinas de Golã para tentar conseguir a libertação de 40 capacetes azuis de Fiji, que foram sequestrados na semana passada pela Frente Al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda.
E aviação do regime realizou um ataque no leste do país, matando 16 pessoas, incluindo 10 crianças, segundo uma ONG, enquanto a televisão oficial síria acusou o EI.