Agência France-Presse
postado em 04/09/2014 13:13
Kiev - O presidente ucraniano Petro Poroshenko anunciou nesta quinta-feira (4/9) que um plano para um cessar-fogo no leste separatista da Ucrânia deve ser assinado na sexta-feira (5/9), um avanço crucial para uma solução do conflito e que os rebeldes se disseram prontos a aceitar.
Neste contexto de tentativa de desescalada, muitas explosões ocorreram perto do porto estratégico de Mariupol, à beira do Mar de Azov, constataram jornalistas da AFP. Soldados ucranianos indicaram que enfrentaram blindados dos insurgentes separatistas na região.
"Amanhã, em Minsk, um documento deve ser assinado prevendo as etapas para o estabelecimento de um plano de paz para a Ucrânia. A disposição chave do plano é um cessar-fogo", declarou Poroshenko nesta quinta-feira à margem de uma cúpula da Otan em Newport.
O grupo de contato composto por representantes de Kiev, Moscou e da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) deve se reunir na sexta-feira (5/9) com os rebeldes na capital de Belarus às 14H00 (8H00 de Brasília).
"Se o encontro acontecer, darei as instruções ao Estado-Maior para um cessar-fogo bilateral", assegurou o presidente pró-ocidental.
Segundo um site oficial separatista, os dirigentes separatistas pró-russos vão assinar a trégua na sexta-feira (5/9), em caso de acordo em Minsk.
Os chefes das repúblicas autoproclamadas de Donetsk e de Lugansk "estão dispostos a ordenar um cessar-fogo nesta sexta-feira (5/9) às 15H00 (09H00 de Brasília) se um acordo for assinado com os representantes da Ucrânia, da Rússia e da OSCE".
Rússia alerta Ucrânia sobre Otan
Poroshenko afirmou ainda que a Aliança Atlântica, cujos 28 países membros estão reunidos até sexta-feira (5/9) no País de Gales, adotará uma declaração apoiando seus membros que decidirem ajudar Kiev militarmente, uma decisão que promete provocar a ira de Moscou.
"Em sua declaração, a Otan deverá apoiar medidas bilaterais da parte de seus países membros em vista de uma ajuda militar à Ucrânia. É exatamente o que esperamos", declarou Poroshenko.
Kiev anunciou recentemente a retomada do processo de adesão à Otan, que havia sido abandonado pelo governo pró-russo precedente.
Neste sentido, Moscou alertou nesta quinta-feira (4/9) a Kiev que seu projeto de aderir à Otan pode fazer descarrilar a busca de uma solução para o conflito no leste ucraniano.
"Logo quando estão sendo exploradas as vias para resolver os problemas concretos entre Kiev e os rebeldes, Kiev pede para acabar com seu estatuto de não-alinhado e iniciar o processo de adesão à Otan", afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
"É uma clara tentativa de fazer descarrilar os esforços para iniciar um diálogo que garanta a segurança nacional", afirmou Lavrov, citado pelas agências de notícias russas, em um encontro com o secretário-geral do Conselho da Europa, Thorbjorn Jagland.
Rússia espera que Kiev e os rebeldes separatistas pró-russos respondam ao plano de sete pontos proposto na véspera pelo presidente Vladimir Putin, visando a alcançar um acordo em Minsk.
EUA apoiam a guerra
Coincidindo com a cúpula da Otan, que acontece em Newport, no Reino Unido, Poroshenko se reuniu com o presidente americano Barack Obama, o francês François Hollande, e os primeiros-ministros do Reino Unido, David Cameron, Alemanha, Angela Merkel, e da Itália, Matteo Renzi.
Incomodada com este encontro, a Rússia acusou nesta quinta-feira (4/9) os Estados Unidos de socavar os esforços de paz na Ucrânia e de apoiar os partidários da guerra.
[SAIBAMAIS]"É um aumento da retórica anti-russa (...) logo quando havia esforços ativos em busca de uma solução política", afirmou o ministro das Relações Exteriores russo Serguei Lavrov.
"É preciso dizer que o ;partido da guerra" em Kiev conta com um apoio ativo no exterior e, neste caso, nos Estados Unidos", afirmou ainda.