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Presidente palestino, Mahmud Abbas, ameaça romper unidade com o Hamas

"Não aceitaremos uma colaboração se a situação continuar assim em Gaza onde existe um governo na sombra de 27 vice-ministros que controlam o território", afirmou Abbas

Agência France-Presse
postado em 07/09/2014 09:04
Ramallah - O presidente palestino Mahmud Abbas ameaçou romper o acordo de unidade com o grupo Hamas se o movimento islamita não permitir que o governo palestino exerça sua autoridade na Faixa de Gaza.

"Não aceitaremos uma colaboração (com o Hamas) se a situação continuar assim em Gaza onde existe um governo na sombra de 27 vice-ministros que controlam o território", afirmou Abbas ao chegar ao Cairo no madrugada deste domingo, citado pela agência oficial palestina WAFA.

A declaração de Abbas acontece antes de uma reunião com o chefe de Estado egípcio Abdel Fattah al Sissi. Abbas também falará à Liga Árabe, duas semanas depois de acertado o cessar-fogo que interrompeu 50 dias de guerra com Israel em Gaza.

[SAIBAMAIS]O chefe do executivo palestinos, Rami Hamdala, também admitiu que, nos três meses de funcionamento conjunto, não conseguiu impor-se em Gaza, onde, segundo Abbas, o Hamas mantém um "governo paralelo".

"É como se tivessem amarrado minhas mãos e meus pés e me dissessem: agora, nada", resumiu Hamdala, um linguista de 56 anos, que chefia o governo formado por personalidades independentes com aprovação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e do Hamas.

Durante a ofensiva israelense em Gaza, os dois grupos deixaram as diferenças de lado para esgrimir uma unidade sagrada em especial durante as negociações indiretas no Cairo, onde acertaram um cessar-fogo com Israel.

Atualmente, as divisões voltam ao primeiro plano. A Autoridade Palestina acusa o Hamas de não deixar o governo de unidade trabalhar em Gaza e o movimento islamita reprova a Autoridade de Ramallah de não pagar os salários de seus 45.000 funcionários em Gaza.

Neste sentido, Hamdala diz estar entre a cruz e a espada. Por um lado, a comunidade internacional ameaça suspender a ajuda aos palestinos se a Autoridade pagar a estes funcionários e, por outro lado, o chefe do governo de unidade diz que o ameaçaram a permitir que entre em Gaza enquanto os salários não forem pagos.

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Segundo Hamdala, os funcionários dos ministérios em Gaza recebem ainda instruções do ex-governo do Hamas. Durante os 50 dias de guerra na Faixa de Gaza, os porta-vozes dos ministérios eram os mesmos, em especial o da Saúde e Interior, enquanto que as forças de segurança do Hamas impunham sua lei neste reduto sob bloqueio israelense.

Segundo os termos do acordo de reconciliação assinado em abril passado entre os dois lados, os palestinos aceitaram formar um governo interino de consenso, integrado por personalidades independentes. O acordo pôs fim a sete anos de rivalidade entre as administrações da Cisjordânia, controlada pelo partido Fatah de Abbas, e de Gaza, nas mãos do Hamas.

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