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EUA usarão dívida argentina para embargar outros países, diz Assange

O caso "parece responder ao desejo dos Estados Unidos de abrir um precedente para que empresas americanas possam embargar ativos de governos estrangeiros", disse o australiano

Agência France-Presse
postado em 07/09/2014 13:42
Buenos Aires - O conflito da dívida da Argentina é uma tentativa dos Estados Unidos de criar condições para embargar bens de outros países, disse o fundador do WikiLeaks, Julián Assange, ao jornal argentino Página 12.

O caso "parece responder ao desejo dos Estados Unidos de abrir um precedente para que empresas americanas possam embargar ativos de governos estrangeiros", disse o australiano, entrevistado na embaixada do Equador em Londres, onde recebeu asilo político em junho de 2012.

[SAIBAMAIS]Um depósito no valor de 539 milhões de dólares feito pela Argentina em nome dos credores que aderiram à reestruturação da dívida foi bloqueado pela justiça americana em um banco em Nova York. Buenos Aires argumenta que a medida judicial viola sua soberania.

Para Assange, "os EUA não apoiavam os ;fundos abutres; (fundos especulativos, que compraram os títulos podres argentinos), mas agora sim os apoiam, embora isso claramente gere tensões com a Argentina".

O bloqueio foi determinado sob o argumento de que a Argentina descumpriu a sentença que a condenava a pagar à vista 100% da dívida de 1,33 bilhão de dólares aos fundos especulativos que processaram o país nos tribunais americanos.

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O governo argentino considera impossível cumprir a sentença, pois em razão da claúsula Rufo (na sigla em inglês), prevista nos contratos de reestruturação da dívida de 2005 e 2010, todos os credores da dívida têm direito a receber o mesmo tratamento.

Com o bloqueio que impediu o pagamento a 93% dos credores da dívida, a Argentina foi considerada no dia 30 de julho em "default seletivo", ou moratória parcial, por agências de classificação de risco. Assange é procurado pela justiça sueca para interrogatório por dois casos de suspeita de estupro, pelos quais ainda não foi acusado.

O criador do WikiLeaks nega as acusações e teme que se for extraditado para Suécia, Estocolmo o entregue aos EUA para que responda pela publicação de documentos secretos do Exército e do governo norte-americanos.

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