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Obama discursará na quarta-feira sobre estratégia dos EUA contra EI

O anúncio acontecerá em um momento sensível para o país: na véspera do 13º aniversário dos ataques do 11 de Setembro

Agência France-Presse
postado em 07/09/2014 16:07
O presidente Barack Obama fará um discurso na próxima quarta-feira para anunciar a estratégia americana para enfrentar o Estado Islâmico (EI). Obama adiantou, contudo, que os Estados Unidos não farão uma nova guerra terrestre no Iraque. "Estou preparando o país para ter certeza de que enfrentaremos a ameaça do EI", disse Obama em entrevista transmitida neste domingo pela NBC. "Na quarta-feira, farei um discurso e descreverei o nosso plano para daqui para frente", completou.

O discurso acontecerá em um momento sensível para o país: na véspera do 13; aniversário dos ataques do 11 de Setembro, que colocaram os Estados Unidos em confronto com o Islã radical no Oriente Médio. Apesar dos esforços de Obama, o embate não parece ter data para acabar.

Dois dias depois de voltar da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Gales, Obama se diz confiante na capacidade de formar uma coalizão internacional para enfrentar o EI. O grupo já conquistou grandes áreas na Síria e no Iraque. "A próxima fase agora é iniciar uma ofensiva", afirmou Obama, ressaltando, porém, que "isso não será um anúncio de envio de tropas terrestres".

"Isso não equivale à guerra do Iraque. Equivale às campanhas antiterrorismo em que estamos engajados nos últimos cinco, seis, sete anos", explicou.

Sem ocupações

A aparição de Obama parece ser uma tentativa de neutralizar a declaração, feita no mês passado, de que os EUA não contavam com uma estratégia para enfrentar o EI na Síria. Na entrevista gravada no sábado, o presidente afirmou que o país usará uma estratégia parecida com a adotada contra a Al-Qaeda no Afeganistão e no Paquistão, assim como com outros grupos terroristas.

Obama ressaltou que os EUA, exaustos pelos anos de guerra no Iraque e no Afeganistão, não podem enviar imensos contingentes militares para ocupações em nações hostis no Oriente Médio a fim de combater os grupos extremistas. "O que eu pedirei para o povo americano é que, em primeiro lugar, compreendam que (o EI) é uma ameaça séria", disse Obama. "Em segundo lugar, nós somos capazes de combater isso. E aqui está o modo como vamos enfrentar isso", completou.

"Em alguns meses teremos reduzido a força do EI", prevê. "Vamos diminuir sistematicamente suas capacidades. Reduziremos seus territórios de controle. E, finalmente, iremos derrotá-los", prometeu o presidente, que acredita que o EI ainda não pode ser considerado uma ameaça de curto prazo para o território americano.

Os secretários de Estado, John Kerry, e da Defesa, Chuck Hagel, tentam reunir no Oriente Médio uma coalizão para sufocar o financiamento ao EI, possivelmente realizar uma ação militar na Síria e conter o fluxo de combatentes estrangeiros que engrossam as fileiras do grupo que matou dois jornalistas americanos.

;Qual é o plano?;
Mesmo aliados políticos de Obama criticaram o presidente pela demora em agir contra o EI. "O que é um plano militar e o que é um plano diplomático?", questionou a senadora democrata Dianne Feinstein, em entrevista à CNN, neste domingo. "Uma perda tempo, porque agora nós dissemos que partiremos para a ofensiva e que é tempo de os EUA projetarem seu poder e sua força", comentou.

O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, o republicano Mike Rogers, comemorou os sinais de que o governo se prepara para enfrentar o EI.

"Houve uma confusão vinda do governo. Essa história é mais complicada do que temos ouvido do presidente", opinou Rogers, também em conversa com a CNN. "É uma coisa boa (o plano), porque eles (do EI) são uma ameaça", frisou. A entrevista de Obama acontece depois de Washington ter ampliado, ao longo do mês, sua campanha aérea no reduto sunita do Iraque, em conflito com o EI. Neste domingo, aeronaves americanas bombardearam combatentes do EI na estratégica barragem do rio Eufrates.

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