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Iraque aprova governo e coalizão internacional contra EI ganha forma

Expectativa é que o novo governo consiga superar as divisões acentuadas e agravadas na gestão Maliki e cerrar fileiras contra o Estado Islâmico



Como parte da movimentação de Washington, nesta segunda-feira, o secretário americano da Defesa, Chuck Hagel, reuniu-se em Ancara com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. O país faz fronteira com o Iraque.

No domingo, os governos dos países árabes já haviam chegado a um acordo para "tomar todas as medidas contra o terrorismo: políticas, de segurança e ideológicas", em referência ao Estado Islâmico - segundo a nota divulgada após uma reunião entre os chanceleres desses países, realizada no Cairo.

As decapitações recentes dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff, mantidos como reféns na Síria, alarmaram a comunidade internacional, acelerando a mobilização por uma aliança anti-EI.

Mohammed Sayed Tantawi, xeque da mesquita de Al-Azhar no Egito, uma das mais prestigiosas instituições do Islã sunita, classificou esses jihadistas de "criminosos que mancham a imagem do Islã e dos muçulmanos".

Duplo atentado suicida


Nesta segunda-feira, pelo menos 18 pessoas morreram, e outras 50 ficaram feridas, em um duplo atentado suicida e em confrontos quando homens armados lançaram um ataque contra Dhuluiya, 90 km ao norte de Bagdá.

Fontes consultadas pela AFP disseram que o ataque foi liderado pelo EI. Há semanas, o grupo tenta assumir o controle dessa localidade.

Nenhum grupo reivindicou a autoria dos ataques, mas esses atentados suicidas têm sido praticados com frequência por extremistas sunitas, incluindo os do Estado Islâmico. No fim de junho, o líder desse grupo, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou um califado entre Síria e Iraque.

Situação na Síria se agrava

No último fim de semana, os aviões de combate americanos estenderam sua zona de ataques aéreos pela primeira vez à província de maioria sunita de Al-Anbar, no oeste do país. A região está parcialmente sob controle do EI.

Aproveitando esses ataques e apoiadas por tribos sunitas, as forças iraquianas levaram adiante uma ampla ofensiva contra o EI para proteger uma represa vital na região de Haditha.

O EI também controla setores na Síria, mas a questão sobre uma eventual intervenção estrangeira continua em aberto. Por enquanto, os países ocidentais excluem qualquer cooperação com o regime de Bashar al-Assad.

Nesta segunda, o presidente sírio manteve os ataques iniciados há algumas semanas contra localidades dominadas por esses jihadistas no norte e no leste do país.

Pelo menos 69 civis, entre eles 18 crianças, morreram nos últimos dois dias, vítimas desses ataques aéreos sobre as províncias de Raqa e de Deir Ezzor, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

O novo emissário da ONU para o país, Staffan de Mistura, é esperado em Damasco na terça-feira para sua primeira visita à Síria após sua nomeação. Seu antecessor, Lakhdar Brahimi, jogou a toalha depois do fracasso nas negociações entre o regime e a oposição.