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Iraque aprova governo e coalizão internacional contra EI ganha forma

Expectativa é que o novo governo consiga superar as divisões acentuadas e agravadas na gestão Maliki e cerrar fileiras contra o Estado Islâmico

Agência France-Presse
postado em 08/09/2014 19:56
Membros do Parlamento iraquiano se reúnem para votar o novo governo do Iraque, na sede do Parlamento em Bagdá
Bagdá -
O Parlamento iraquiano aprovou nesta segunda-feira (8/9) à noite um novo governo, dirigido por Haidar al-Abadi, que substituiu o então primeiro-ministro Nuri al-Maliki.

Designado em 11 de agosto para formar um governo de união nacional, Abadi pediu ao Parlamento um prazo de uma semana para preencher o gabinete ministerial, incluindo as pastas do Interior e da Defesa. Até lá, ele assume interinamente esses dois ministérios.

O momento é crucial para o país, que enfrenta uma ofensiva dos jihadistas do Estado Islâmico.

[SAIBAMAIS]A expectativa é que o novo governo consiga superar as divisões acentuadas e agravadas na gestão Maliki e cerrar fileiras contra o Estado Islâmico. O ex-premier é acusado de ter contribuído para a expansão do EI no país, de maioria xiita, ao adotar uma política autoritária de exclusão dos sunitas.

Nesse sentido, Abadi se comprometeu hoje, diante do Parlamento, a resolver as divergências entre o governo central e a região autônoma do Curdistão, no norte do país.

Comunidade internacional se mobiliza

Na terça-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, segue para o Oriente Médio para abordar o avanço da coalizão internacional contra o EI e, na quarta, o presidente Barack Obama anunciará sua "estratégia de ação" contra o grupo.

Após um mês de ataques aéreos contra as posições do EI no Iraque, Washington espera formar uma coalizão de mais de 40 países "contra a ameaça imposta pelo grupo", anunciou a porta-voz do Departamento de Estado americano, Jennifer Psaki, nesta segunda.

Jen afirmou que Kerry visitará Jordânia e Arábia Saudita para tratar da "situação em andamento no Iraque" e também discutir "como apoiar ainda mais a segurança e a estabilidade no governo iraquiano".


Como parte da movimentação de Washington, nesta segunda-feira, o secretário americano da Defesa, Chuck Hagel, reuniu-se em Ancara com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. O país faz fronteira com o Iraque.

No domingo, os governos dos países árabes já haviam chegado a um acordo para "tomar todas as medidas contra o terrorismo: políticas, de segurança e ideológicas", em referência ao Estado Islâmico - segundo a nota divulgada após uma reunião entre os chanceleres desses países, realizada no Cairo.

As decapitações recentes dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff, mantidos como reféns na Síria, alarmaram a comunidade internacional, acelerando a mobilização por uma aliança anti-EI.

Mohammed Sayed Tantawi, xeque da mesquita de Al-Azhar no Egito, uma das mais prestigiosas instituições do Islã sunita, classificou esses jihadistas de "criminosos que mancham a imagem do Islã e dos muçulmanos".

Duplo atentado suicida


Nesta segunda-feira, pelo menos 18 pessoas morreram, e outras 50 ficaram feridas, em um duplo atentado suicida e em confrontos quando homens armados lançaram um ataque contra Dhuluiya, 90 km ao norte de Bagdá.

Fontes consultadas pela AFP disseram que o ataque foi liderado pelo EI. Há semanas, o grupo tenta assumir o controle dessa localidade.

Nenhum grupo reivindicou a autoria dos ataques, mas esses atentados suicidas têm sido praticados com frequência por extremistas sunitas, incluindo os do Estado Islâmico. No fim de junho, o líder desse grupo, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou um califado entre Síria e Iraque.

Situação na Síria se agrava

No último fim de semana, os aviões de combate americanos estenderam sua zona de ataques aéreos pela primeira vez à província de maioria sunita de Al-Anbar, no oeste do país. A região está parcialmente sob controle do EI.

Aproveitando esses ataques e apoiadas por tribos sunitas, as forças iraquianas levaram adiante uma ampla ofensiva contra o EI para proteger uma represa vital na região de Haditha.

O EI também controla setores na Síria, mas a questão sobre uma eventual intervenção estrangeira continua em aberto. Por enquanto, os países ocidentais excluem qualquer cooperação com o regime de Bashar al-Assad.

Nesta segunda, o presidente sírio manteve os ataques iniciados há algumas semanas contra localidades dominadas por esses jihadistas no norte e no leste do país.

Pelo menos 69 civis, entre eles 18 crianças, morreram nos últimos dois dias, vítimas desses ataques aéreos sobre as províncias de Raqa e de Deir Ezzor, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

O novo emissário da ONU para o país, Staffan de Mistura, é esperado em Damasco na terça-feira para sua primeira visita à Síria após sua nomeação. Seu antecessor, Lakhdar Brahimi, jogou a toalha depois do fracasso nas negociações entre o regime e a oposição.

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